A grande dupla do café da manhã do brasileiro, o café com pão, deve ficar mais cara neste início de 2025. O café segue em uma escalada de preços há vários meses, enquanto o pão, que apesar das flutuações do dólar não teve alta de preços recente, deve ficar mais caro nos primeiros meses do ano devido a repasses de elevação de custos como energia elétrica e reajustes salariais dos trabalhadores da panificação.
De acordo com a cesta básica de Fortaleza apurada e divulgada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o preço do café subiu 5,3% em outubro deste ano – a segunda maior elevação mensal da cesta entre os itens, perdendo apenas para a carne, que subiu 9,9%.
Nos outros meses, ainda segundo o Dieese, o produto também pesou nos gastos com alimentação do fortalezense. Em um semestre, o preço do café subiu 30,5%. Na série de 12 meses, o preço subiu quase 50%.
A inflação oficial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também mostra a elevação no preço do café. Em outubro, a inflação do café moído em Fortaleza foi de 4,4%. Em 12 meses, a variação é de 34,1%.
O técnico do Dieese, Arianderso Melo, explica que o salto no preço do café não é algo observado somente em Fortaleza, mas em todas as cidades pesquisadas pelo órgão para a elaboração da cesta básica.
“A queda na produção do grão em países com boa participação no mercado internacional fez com que seu preço se elevasse no exterior, o que levou as exportações brasileiras de café a um recorde histórico. Esse evento causou uma forte queda na disponibilidade interna do café, o que fez com que seu preço aumentasse no Brasil”, pontua Melo.
De acordo com o técnico do Dieese, essa queda na produção mundial está ligada a questões climáticas nos países asiáticos. Hoje, o Brasil é o maior produtor de café do mundo, com quase 40% da produção mundial. Em seguida, aparece o Vietnã, com quase 20%, Colômbia e Indonésia.
Arianderso Melo ressalta que, nos próximos meses, a tendência é que o preço permaneça elevado, podendo aumentar ainda mais caso haja uma queda na produção da safra de 2025.
Preço do pão
“Apesar de algumas elevações pontuais em padarias de Fortaleza, o preço do pão vem permanecendo estável, conforme Arianderso. “Nos últimos 12 meses, subiu apenas 1,24% aqui em Fortaleza. Apesar da alta do dólar, o preço do trigo no mercado internacional segue uma leve tendência de baixa nos últimos 12 meses, o que ajudou no controle do preço do pão”.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria no Estado do Ceará, Alex Martins, corrobora que, mesmo com os sucessivos aumentos do dólar, o preço do pão não sofreu reajuste.
Não houve alteração de preço na farinha de trigo, portanto as padarias não repassaram, porque não houve elevação”.
Em 2025, porém, ele destaca que algumas elevações de custos devem ser repassadas ao consumidor.
“Salários e o acrescimento das bandeiras na parte da energia, porque a padaria realmente é uma grande consumidora de energia”.
Ele também detalha que ainda não é possível precisar quanto será a elevação repassada.
“Devemos aguardar o aumento de salário, de quanto será, e se terá aumento de tarifa de energia, de aluguéis, então geralmente após fevereiro a gente pode sentar e estudar se teremos aumento ou não”.
Fonte: Diário do Nordeste