Um ex-padre foi condenado a 57 anos e 22 dias de prisão em regime fechado por estupro de vulnerável. O homem estava preso desde o ano passado depois de ser denunciado por estuprar a ex-mulher e a filha do casal.
Ele foi denunciado por estupro, maus-tratos e agressão contra a mulher, a filha e dois enteados. No julgamento, a mulher contou que, no início, o relacionamento era bom e que ela engravidou nas primeiras semanas da relação. Cerca de dois meses depois, o homem já se apresentava mais violento e controlador.
A vítima contou que foi abusada durante a gestação, que era considerada de risco, mais de uma vez. Em uma delas, os filhos da mulher dormiam próximo – o que também é considerado crime de abuso sexual contra crianças. Em outra ocasião, ela bateu com a barriga na ponta de tijolos, porque o local estava em construção.
De acordo com ela, o homem controlava a roupa que ela vestia e como se comportava, além de ser extremamente agressivo com os filhos. Foi por conta disso que ela decidiu se separar.
Ela afirma que o ex-padre não aceitou bem a separação. Quando a filha nasceu, segundo a vítima, ele passou a pedir para “ver a flor dela” enquanto a recém-nascida era banhada ou trocava de fralda. Outras testemunhas relataram a mesma situação, incluindo babás da menina.
Conforme a criança cresceu, as testemunhas relatam que ele costumava dar beijos na boca dela e que ele chegou a ser flagrado com a mão nas partes íntimas da menina. A mãe disse que, uma vez, ele disse que “a bebê seria gostosa como a mãe” e que costumava ter um olhar sexualizado para a criança.
As testemunhas contam que a criança passou a adotar um comportamento sexualizado por causa das abordagens do pai.
A mulher contou que, quando tinha 6 anos de idade, o filho mais novo falou para ela que estava escutando uma voz que dizia para ele se matar. A mãe levou o filho para atendimento psiquiátrico, onde ele foi diagnosticado com esquizofrenia. Após ser atendido por uma equipe multidisciplinar, ele relatou os casos de violência.
O caso teve denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), que destaca que as agressões contra os menores ocorreram entre outubro de 2020 e maio de 2021. O documento afirma que o menino mais novo foi submetido a sofrimento físico e mental, com emprego de violência e ameaça para aplicar castigos pessoais. Em um deles, o homem teria chegado a instigar a criança a acabar com a própria vida.
“A criança de 6 anos ia até a laje, que não tinha nenhuma proteção, nenhuma barreira. Ele colocava perto da beirada e falava que, se ele pulasse, ele ia encontrar Deus. A criança não entendia aquilo. Mas ele insistia, que se ele pulasse, encontraria Deus”, afirmou o delegado do caso, na época.
O documento do MPRJ detalha que a criança era deixada frequentemente de castigo no terraço da casa onde o homem vivia com a família, ficando sem supervisão em um local que não possuía nenhum tipo de proteção. Além disso, ele ficava exposto ao sol.
O homem foi condenado ainda a pagar uma multa de R$ 15 mil para cada vítima e perdeu os direitos de pai que tinha com a filha.
A mulher conta que, por já ter sido padre, ele agia de forma fria e calculista. Ele abandonou o sacerdócio há quatro anos, tendo atuado em paróquias de Niterói, Iguaba Grande e Rio Bonito.
G1