Reportagem do Jornal Nacional mostrou uma quadrilha que consegue acessar contas do INSS e pedir empréstimos sem que o aposentado ou pensionista perceba o golpe. A Polícia Federal está investigando o esquema.
Sempre que aprova uma aposentadoria, o INSS bloqueia empréstimos consignados. É uma medida de segurança, mas o aposentado pode pedir o desbloqueio pela internet ou numa agência do INSS. A retirada da restrição pode demorar semanas.
Uma corretora autônoma procurou o Jornal Nacional para denunciar que bandidos propõem reduzir a espera a minutos. A corretora disse que o cliente, quando pede um empréstimo, tem urgência. Se ele pagar o valor que está sendo cobrado pelo golpista, em cerca de uma hora o dinheiro está na conta.
Ainda de acordo com a corretora, bandidos cobram de R$ 70 a R$ 100 pelo desbloqueio imediato do consignado. O contato dos fraudadores é compartilhado entre os próprios corretores de empréstimo e as negociações ocorrem por telefone.
A corretora relatou à reportagem do Jornal Nacional que basta passar o número do CPF e o número do benefício para qual a pessoa quer o desbloqueio. Depois de encomendar e pagar pelo serviço, o cliente vai mostrar que o benefício já está desbloqueado e liberado para empréstimo.
A mesma quadrilha também vende acesso à conta de aposentados para golpistas tirar empréstimos consignados e ficar com o dinheiro, sem os aposentados saberem. A corretora de empréstimos fez o teste. Ela repassa o próprio CPF aos fraudadores e recebe uma nova senha do sistema gov.br, usado para acessar a conta do INSS.
Ela afirma que após o ‘reset’ da senha, o golpista tem todos os acessos e dados referentes ao gov.br. A corretora procurou a Polícia Federal para denunciar a fraude e prestou depoimento. Uma aposentada foi vítima de golpistas e teve um prejuízo de R$ 74 mil, com sete empréstimos consignados.
O delegado Carlos Eduardo Andrade, da Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários da Polícia Federal, disse que as investigações estão em andamento, que já foram feitas operações no passado e algumas apontaram envolvimento de terceirizados, de estagiários. Outras apontaram a obtenção fraudulenta das senhas através de dispositivos de informática instalados clandestinamente nos computadores de servidores do INSS.
G1