O Direito parecia um caminho natural para a estudante Júlia Rocha: o pai trabalha como servidor público do Poder Judiciário no Rio Grande do Norte, e ela cresceu se envolvendo no dia a dia do escritório da mãe. Os debates jurídicos dos dois também era rotina para a jovem.
Assim, a escolha pelo curso não parecia surpreender, mas surpresa foi justamente o que Júlia despertou nos pais duas vezes: a primeira, ao passar no vestibular aos 15 anos; a segunda, ao ser aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) quatro anos depois, aos 19, e sem ter concluído a graduação.
Em entrevista exclusiva ao Terra, a estudante relatou a alegria de conseguir entrar na faculdade com tão pouca idade. Apesar da batalha judicial para conseguir terminar o ensino médio antes do período previsto e poder começar a graduação, ela conta que foi “uma felicidade enorme”.
“A ficha só foi cair realmente quando passei nas provas do supletivo e pude efetivamente me matricular no ensino superior”, relata.
Parte do período da faculdade aconteceu em casa mesmo, devido à pandemia. E, ao contrário do que possa parecer, idade não foi um problema — nem para o convívio com os colegas, nem para acompanhar as aulas.
Segundo Júlia, seu único desafio foi manter a rotina de estudos sem perder o foco.
“Tive que me esforçar mais para manter a rotina de estudos sem desfocar. No início foi difícil, mas, com o tempo, me acostumei até voltarem as aulas presenciais”, conta.
Rotina para a OAB
A preparação de Júlia para o exame da Ordem, pré-requisito para ingressar no quadro da OAB do Rio Grande do Norte e poder advogar, começou quatro meses antes da prova.
“Assinei um cursinho que me ajudou muito a manter o cronograma e a estudar para as outras matérias, já que ainda estava no oitavo período da faculdade e tinham algumas matérias que eu não tinha pegado ainda”, explicou.
Sua rotina de estudos era basicamente assistir às videoaulas, revisar o conteúdo e responder questões. Conforme o dia da prova se aproximava, Júlia passou a fazer aula duas vezes por dia, e os sábados foram reservados para os simulados. Ao todo, foram 11 simulados e mais de mil questões disponíveis no site do cursinho.
“Já para a segunda fase, a preparação também foi muito regrada, mas diferente, pois se trata de uma prova subjetiva. Então, escolhi a área que eu mais tinha afinidade, o Direito Tributário; treinei muito o direito material e as peças que poderiam cair. Fiz da mesma forma que a primeira fase, reservando os sábados para fazer simulados e treinar questões”, acrescenta.
Mesmo com toda a preparação, Júlia admite que bateu o nervosismo na hora do exame. “Até pegar efetivamente a prova e começar a fazer, estava ansiosa. Quando comecei a resolver as questões, fui me acalmando e vendo que ia dar certo”, conta.
E deu certo. Na primeira fase, ela acertou 63 questões, do total de 80. Na segunda fase, como estava um pouco menos nervosa, tirou 9,3.
“Saí da prova mais confiante, pois treinei muito a peça profissional que caiu e fiz questões muito parecidas no treinamento”, comemora.
A estudante ainda não concluiu a faculdade, mas já tem os próximos passos programados para depois da formatura: “Advogar durante três anos, para adquirir o tempo necessário de exercício de atividades privativas da advocacia e assim, poder fazer o concurso da magistratura”.
Por fim, a estudante aconselha outros jovens que sonham em seguir a carreira no Direito.
“Meu maior conselho para os estudantes é: começar. Mesmo que devagarinho, ir estudando todos os dias e criando metas diárias que os ajudem a alcançar seu objetivo final. Essas metas precisam ser reais, pois não adianta planejar estudar horas sem descanso, não conseguir e acabar se frustrando, ou se cansar com uma semana de estudos. Priorizem a saúde mental de vocês. Não desistam, pois é possível conseguir todos os objetivos”, conclui.
Fonte: Redação Terra