No Cariri Paraibano, a produção queijeira é uma tradição passada por gerações de famílias agricultoras, onde o forte são os produtos derivados do leite de cabra. O clima da região, difícil para o plantio, favorece a cultura do leite, tornando a Paraíba a maior bacia leiteira de cabra do país.
No município de Barra de São Miguel, desde 2019, o casal Bruna Sagratzki e Pedro Pedrosa passou a observar e praticar o que aprendeu com os avós.
“Culturalmente, todas as fazendas tinham aquela pessoa que fazia queijo, e essa nossa paixão pelo queijo veio daí, observando nossos avós fazendo manteiga e queijo de coalho via leite de vaca. Hoje, a gente resolveu inovar e fazer nossos queijos com leite de cabra”, disse Bruna.
Na propriedade, o casal produz quatro tipos de queijos, sendo dois deles premiados e reconhecidos pelo sabor e textura diferenciados. O Meia Pura foi o primeiro a ser premiado, já o outro, curiosamente, nasceu de um erro.
“Era uma massa que a gente… Quando a gente fala massa é massa de leite, massa láctea… que a gente tava preparando para fazer outra variedade de queijo, e ela deu errado. A partir daí, esse erro acabou virando um queijo”, afirmou Pedro.
O rebanho de 23 cabeças gera uma produção de 70 litros de leite e 275 peças de queijo por dia. Os produtores destacam que o segredo da qualidade dos queijos está nos cuidados com o manejo e na escolha dos animais, sendo essas cabras de origem espanhola, da espécie Murciano Granadino.
“Aliado a isso, tem toda parte técnica, todo cuidado na hora da ordenha, a própria higiene, os cuidados com a saúde do sistema mamário dos animais também”, completou Pedro.
Um dos grandes diferenciais do queijo de cabra produzido no semiárido paraibano é exatamente o sabor, de fácil harmonização com geleias e vinhos. A transformação do leite de cabra em queijos finos tem ajudado a transformar o preconceito em torno do sabor do produto, impulsionando o turismo rural na região.
“Uma vez por mês, a gente vai em feiras para receber quem quiser vir, com muito carinho, conhecer os animais, a sala de ordenha, a produção de queijo na nossa caatinga, que a gente preserva, e termina com um piquenique muito legal, com a degustação dos queijos e todos os pratos que a gente serve no piquenique têm o nosso queijo também”, finalizou Bruna.