O mês de fevereiro ainda está em seu início, mas já é possível observar que este mês começou com acumulados de chuva abaixo da média em boa parte do país, dando sequência ao início seco de 2024. Com exceção de partes das regiões Norte e Nordeste, que têm registrado acumulados de chuva próximos ou acima da média.
Como já foi falado em artigos anteriores, o mês de fevereiro é caracterizado por muitas chuvas em grande parte do Brasil e neste ano ainda vamos estar sob efeito do El Niño – fase positiva do El Niño Oscilação Sul (ENOS) – que está perdendo força gradativamente sobre o Pacífico Tropical. Porém, como também já mencionamos, outros padrões climáticos também estão exercendo influência na variabilidade climática do Brasil, como as anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no Atlântico Sul e padrões de teleconexões como a Oscilação de Madden-Julian (OMJ).
Algumas semanas atrás nós indicamos uma tendência de predomínio de chuvas dentro da média ou acima da média neste mês em grande parte do país, porém, com uma maior probabilidade de chuvas acima da média a partir da segunda metade de fevereiro sobre o Centro-Norte do Brasil. Agora que estamos no mês de fevereiro, podemos olhar novamente as novas rodadas dos modelos e verificar se essa tendência se mantém ou não!
Centro-Norte poderá registrar chuvas volumosas nas últimas semanas de fevereiro
A rodada mais recente do modelo estendido do ECMWF continua a indicar uma alta probabilidade de chuvas acima da média sobre o Centro-Norte do Brasil nas últimas semanas de fevereiro, com destaque para a região Nordeste e também sobre a porção sudeste da região Norte.
Para a semana dos dias 19 a 26 de fevereiro, o modelo ECMWF indica uma probabilidade de chuvas acima da média em praticamente toda a região Nordeste, a porção norte da região Sudeste, partes do Centro-Oeste e sudeste da região Norte. Entretanto, a probabilidade de chuvas acima da média é maior para o interior da região Nordeste.
Essa previsão pode estar associada a uma possível mudança de fase da OMJ. Os modelos estão indicando no final de seu horizonte de previsão uma possível transição entre as fases 7 e 8 da OMJ por volta do dia 17 de fevereiro. Essas fases estão associadas a um favorecimento das chuvas sobre as regiões Norte e Nordeste, principalmente a fase 8.
O período de 19 de fevereiro até a primeira semana de março poderá ser marcado por chuvas acima da média em grande parte do Nordeste, incluindo o interior da região, e a porção sudeste da região Norte.
Também observando as condições atmosféricas previstas no final do horizonte dos modelos, estão sendo previstas condições favoráveis à formação de chuvas sobre o Nordeste após o dia 19. Em superfície está sendo prevista a permanência de um centro de alta pressão próximo à costa da região Sudeste, o que favoreceria o escoamento de leste sobre o Nordeste e a convergência sobre a região. Além disso, no escoamento de altos níveis também é indicada a possível formação de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), que também contribui com as chuvas na região.
Essa tendência de chuvas acima da média se mantém para a semana dos dias 26 de fevereiro a 04 de março basicamente sobre a mesma região mencionada anteriormente. Porém, nesta semana a maior probabilidade de ocorrência de chuvas acima da média fica restrita aos estados do norte da região Nordeste.
Nesse período podemos ter uma maior atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que estará mais posicionada sobre o norte do Nordeste e leste da região Norte, favorecendo ainda mais as chuvas. Não podemos esquecer também das águas mais quentes sobre o Atlântico Tropical Sul que favorecem o maior transporte e convergência de calor e umidade para a região Nordeste e partes do Norte, também favorecendo as chuvas.
Qual a expectativa para o início de março?
Apesar de ainda distante, o modelo ECMWF indica que nos primeiros 15 dias de março essa tendência de chuvas mais volumosas sobre o Nordeste e sudeste da região Norte se manterá, marcando então um longo período de chuvas acima da média da região.
Claro que essas previsões, por serem de longo alcance, podem apresentar incertezas e mudarem em rodadas futuras do modelo, apesar de estarmos observando condições climáticas que sustentam essa previsão para esse período. De qualquer forma, esse indicativo serve como um alerta antecipado e nós da Meteored Brasil estaremos atentos às novas atualizações da previsão.