Há três anos vivendo em situação de rua em Rio Branco, Gilson Kennedy do Rosário conhece bem os desafios da vida. Aos 56 anos, ele conseguiu concluir o ensino fundamental e pegar o primeiro diploma da vida. Mas, ele garante que esse não será o último.
“Comecei a estudar motivado pela falta de emprego, desempregado e entrei em situação de rua. Abriu sala de aula no Centro POP e daí aproveitei a oportunidade porque vi que, para mim (sic.) sair dessa situação, tem que ser através da educação e do estudo. Aproveitei a oportunidade e consegui o que almejava”, contou.
A oportunidade de estudar surgiu em uma ação da Secretaria de Educação de Rio Branco e do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP). Uma turma de 15 pessoas teve a oportunidade de estudar, mas, infelizmente, por motivos que precisam ser entendidos e não julgados, só Gilson do Rosário conseguiu chegar até a última etapa e concluir o ensino fundamental.
O objetivo é ir além e o sonho não tem limite. A próxima meta é chegar ao ensino médio e depois ao ensino superior. É pela educação que o Gilson pretende mudar sua vida. A formatura ocorreu no último dia 17 de janeiro.
“Penso em sair de vez da rua, trabalhar e viver minha vida como era antigamente. Esse é meu sonho e desejo, sair através do estudo, fazer um curso de educação física também. Sem educação você não vai a lugar nenhum, pra mim a educação é fundamental em tudo. Não tive a oportunidade, minha vida sempre foi de muitos altos e baixos, muita correria. Não tem como sair dessa sem educação, sem ter um estudo e uma vida melhor”, frisou.
Novas turmas
Atualmente, cerca de 600 pessoas vivem em situação de rua na capital acreana. São histórias diversas, dificuldades complexas, mas que, na maioria das vezes, dependem unicamente de oportunidades negadas até aqui.
A coordenadora do Centro POP, Liberdade Leão, destaca que Gilson do Rosário é um exemplo de que é possível recomeçar. Para este ano, a ideia é dar continuidade ao programa de educação e adotar novas estratégias que garantam a permanência de mais pessoas.
“Estamos felizes com essa resposta, tivemos a formatura do Gilson, que foi um, mas sabemos que virão muitos e muitos Gilsons e que a gente não vão desistir. É fácil? Não é, mas quando a gente planta uma semente, sabemos que outras vão germinar. A gente precisa de incentivo, precisamos fazer com que essa população, que está tão desacreditar, que vive às margens da sociedade, tenha um pouco de incentivo, repensem e vejam que também tenham chance e podem estudar”, explicou.
G1