A cultura do cancelamento de personalidades e as críticas nas redes sociais fizeram vítimas fatais ao longo deste ano. Os casos mais recentes são de Jéssica Canedo, vítima de fake news, e o influenciador digital Rodrigo Amendoim, que não suportou as mensagens de ódio que recebia na internet.
De acordo com a psicóloga Lala Fonseca, a exposição pode prejudicar a saúde mental, principalmente de pessoas que já sofrem com questões como depressão, como foi o caso da jovem de 22 anos.
Canedo teve imagens suas usadas em uma montagem que foi compartilhada por perfis de fofoca como se ela fosse o novo affair do humorista Whindersson Nunes. Depois que o artista se pronunciou, afirmando que eles não se conheciam, a jovem natural de Minas Gerais passou a ser atacada e, mesmo sem estar ativa nas redes, recebeu inúmeras críticas.
– A exposição a críticas nas redes sociais pode ter efeitos deletérios à saúde mental de influenciadores e celebridades, contribuindo para estresse, ansiedade, depressão e problemas de autoimagem – explica a especialista
E continua:
– A constante necessidade de aprovação e o medo do julgamento podem aumentar a vulnerabilidade a transtornos psicológicos.
Quem está em volta de pessoas virtualmente expostas e que já sofrem com ansiedade, depressão, entre outros problemas, precisa ficar atento aos sinais como mudanças no humor ou de comportamento, isolamento social, uso excessivo ou o evitar as redes sociais; e ainda expressões de desesperança ou autodesvalorização, além de alterações no sono ou apetite.
– A busca por ajuda profissional é aconselhada quando os sinais mencionados persistem ou afetam significativamente a vida diária do influenciador, quando há pensamentos autodestrutivos. Se há uma situação que fique em nossa mente como preocupação ao longo do dia, é suficiente para buscar auxílio profissional. A preocupação eleva nossos níveis de cortisol e compromete nosso organismo de diversas formas, provocando o adoecimento físico em conjunto com o psicológico – alerta.
Lala Fonseca diz ainda que influenciadores e celebridades precisam estar em dia com a terapia, já que acabam sendo julgados, positiva ou negativamente, pela opinião pública. Além disso, outra forma de evitar que as críticas tragam prejuízos mentais é adotar estratégias em tratamento psicológico para fortalecer a autoestima.
– A pressão para manter uma imagem positiva, a dificuldade em separar críticas construtivas de assédio e a potencial internalização de comentários negativos pode levar as pessoas a terem uma visão distorcida de si mesmo – ensina a psicóloga.
Quem está sofrendo com os ataques precisa procurar ajuda. Calúnia, difamação e ameaças são crimes tipificados na lei brasileira. É possível procurar a delegacia mais próxima levando prints de mensagens e links de perfis que cometem tais crimes. Alguns estados também oferecem delegacias focadas em crimes cibernéticos.
Além disso, o trabalho com psicólogos também é essencial para recuperar a autoimagem de pessoas que são vítimas de ataques nas redes sociais.
– Também podem, na prática, limitar o tempo gasto nas redes, bloquear pessoas que ofendem, praticar mindfulness, estabelecer limites claros para interações online, e buscar apoio em redes de contato reais, como amigos, familiares ou profissionais – completa Lala Fonseca.