O jovem Manoel Messias Galdino descobriu que tem problemas visuais aos 8 anos de idade. Manoel reside na zona rural de Ibiara. No início o olho dele ele apresentava pequenas irritações e dores até descobrir que tinha Ceratocone, uma enfermidade não inflamatória que afeta a estrutura da córnea, camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular. Manoel Messias esteve no Papo Reto da VPNTV, que é apresentado por Gerveson Vidal.
Quando passou pelo primeiro profissional da patologia, o jovem descobriu que iria precisar realizar um transplante de córnea, aumentando assim seu drama do jovem. Depois disso, as idas para o estado de São Paulo se tornaram frequentes, acarretando muitas despesas, que embora ele tenha conseguido auxílio do SUS – Sistema Único de Saúde, os gastos extras são diversos.
“No momento em que passei pela primeira avaliação médica especializa em Ceratocone e descobri que teria que me submeter a uma cirurgia foi um choque. Passei o dia inteiro triste, abalado até, eu chorei demais”, explicou o jovem.
Por outro lado, Manoel Messias também glaucoma, uma doença que acomete os olhos e é provocada pela elevação da pressão ocular. É uma doença que não tem cura e quando não é tratada pode levar à cegueira. Por conta disso, ela faz uso de colírios específicos para manter a pressão ocular normal.
Atualmente o jovem está realizando uma rifa para arrecadar fundos para o auxílio nas suas despesas, mas ele precisa de muito mais para conseguir o tratamento.
Para conhecer mais a história do jovem, assista ao vídeo, abaixo
Ceratocone é uma doença genética rara, de caráter hereditário e evolução lenta, que se manifesta mais entre 10 e 25 anos, mas pode progredir até a quarta década de vida ou estabilizar-se com o tempo. A enfermidade atinge cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil e pode atingir os dois olhos de maneira assimétrica, ou seja, o distúrbio pode afetar mais um olho que o outro. Sua principal característica é a redução progressiva na espessura da parte central da córnea, que é empurrada para fora, formando uma saliência com o formato aproximado de um cone.
Ainda não se conhece a causa exata da doença. Possivelmente, as alterações na superfície da córnea sejam resultado de inúmeros fatores que contribuem para a perda de elementos estruturais dessa membrana e vão desde o decréscimo no aporte de colágeno até o ato de esfregar ou coçar os olhos com frequência. Por isso, o risco de desenvolver ceratocone é maior nos pacientes alérgicos, que sentem muita coceira nos olhos. Ele também está presente em pessoas com Síndrome de Down ou com alterações oculares congênitas, como a catarata e a esclerótica azul (branco do olho), por exemplo.
A córnea funciona como uma lente fixa sobre a íris, a área colorida dos olhos, e, através da pupila, projeta a luz sobre a retina. Alterações na transparência e curvatura da córnea podem comprometer a visão. O defeito do ceratocone impede a projeção de imagens nítidas na retina e pode promover o desenvolvimento de grau elevado de astigmatismo irregular e miopia.
Sintomas:
Há casos de pessoas com história da doença na família que apresentam um quadro de ceratocone subclínico, sem sintomas. Quando eles aparecem, porém, variam de acordo com a fase da doença. O mais característico é a perda progressiva da visão, que se torna borrada e distorcida (tanto para longe quanto para perto) e obriga a aumentar com frequência o grau das lentes dos óculos até que a solução é substituí-los por lentes de contato, que podem ser de diferentes tipos.
Outros sintomas incluem:
– sensibilidade à luz (fotofobia);
– comprometimento da visão noturna;
– visão dupla (diplopia);
– formação de múltiplas imagens de um mesmo objeto (poliopia) ou de halos ao redor das fontes de luz.
Tratamento:
Nas fases iniciais, quando a deformação da córnea não é grave, o uso de óculos é suficiente para recuperar a acuidade visual. No entanto, à medida que o ceratocone evolui, os óculos precisam ser substituídos por lentes de contato, que ajudam a ajustar a superfície anterior da córnea e a corrigir o astigmatismo irregular provocado pela deformidade. Outras opções de tratamento são os anéis intracorneais ou intraestromais, chamados anéis de Ferrara, que são utilizados para regularizar a curvatura da córnea, quando os óculos e as lentes de contato não produzem mais o efeito desejado. Há, ainda, o crosslinking, uma intervenção que tem por objetivo fortalecer as moléculas de colágeno da córnea para evitar que ela continue abaulando.
Embora o ceratocone seja uma causa frequente de transplante de córnea, ele só é indicado para um pequeno número de casos mais graves, quando os pacientes deixaram de responder bem às outras formas de tratamento.
Prevenção:
Ainda não se conhecem maneiras de prevenir o aparecimento do ceratocone, por ser uma doença de caráter genético e hereditário. Porém, é possível controlar a evolução da doença nas pessoas geneticamente predispostas, corrigindo o hábito de coçar os olhos, tratando a rinite alérgica, as alergias dermatológicas e a asma, por exemplo, que podem causar a coceira. É importante, também, avaliar as condições de adaptação e higiene das lentes de contato, se for o caso.
Crianças e adolescentes devem consultar regularmente o oftalmologista, sobretudo se existirem casos de ceratocone na família. O diagnóstico precoce é fundamental para controlar a progressão da doença e preservar a acuidade visual.
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