O cearense João Pedro Araújo Moreira foi aprovado em administração na Universidade de Fortaleza aos 10 anos, após ter feito a prova do vestibular por diversão, somente “para ver como era”.
De Caucaia, região metropolitana da capital cearense, Moreira é superdotado e faz aulas de física e matemática avançada com os alunos do ensino médio da escola onde estuda, embora esteja matriculado no ensino fundamental.
Mesmo de férias e sem intenção de cursar faculdade no momento, o jovem passou o mês de julho na escola, assistindo ao curso de preparação para o vestibular. “Trazer ele para casa é uma briga, porque ele quer ficar na escola até a hora que fecha”, conta a mãe, Sarah Araújo.
Apaixonado por física, matemática e inglês, o menino pulou para o sexto ano, na sala em que estuda durante a manhã, e acompanha aulas com as turmas mais avançadas à tarde. João Pedro tem acesso livre à escola e pode assistir a todas as aulas que deseja. “Ele se mete na sala dos meninos maiores e fica lá assistindo”, conta a mãe.
Quando não está fazendo olimpíadas de robótica, aulas do método autodidata Kumon ou disciplinas adicionais de exatas, ele gosta de jogar bola, tanto no campo com os amigos da rua como no videogame.
Apesar de se dar bem com todos os colegas, João Pedro prefere conviver com os amigos do ensino médio — por serem mais maduros e conseguirem, segundo ele, respeitar melhor as suas diferenças.
O jovem fez sua primeira avaliação neuropsicológica aos 6 anos, a qual confirmou o laudo de superdotação extrema, uma suspeita da mãe desde que ele tinha 3 anos, quando aprendeu a ler e escrever sozinho.
Com 1 ano, já sabia usar aparelhos eletrônicos. Aos 4, fazia cálculos matemáticos de soma, subtração, divisão e multiplicação mentalmente. “Eu nem sei como dizer como ele aprendeu, ele simplesmente apareceu fazendo. Quando percebi, ele já sabia”, diz a mãe.
João Pedro sonha ser aprovado em engenharia aeroespacial no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) antes de completar 15 anos, mas prefere esperar para cursar quando estiver mais velho, uma vez que o instituto inclui treinamento militar.
Ele também deseja fazer faculdade de matemática para dar aulas como hobby, algo que já faz nas redes sociais desde os 8 anos. Conhecido como JP das Galáxias, o estudante faz vídeos e transmissões ao vivo em sua conta do Instagram, ensinando as disciplinas de exatas.
As aulas surgiram sem pretensão, quando o menino explicava a matéria do ensino médio aos pais. Ele escrevia na lousa enquanto a mãe transmitia tudo.
Ao mesmo tempo em que demonstrava avanço em certas áreas, o menino demorou mais para falar e ter independência dos pais. Além de ter enfrentado atrasos na coordenação motora.
Sarah conta que foi um alívio receber o resultado do laudo, um parecer profissional para o que ela vinha dizendo há muito tempo: “Foi reconfortante ver que as dificuldades que ele tinha e que muitas situações que a gente passou durante a infância estão todas justificadas e explicadas”.
João Pedro tem acompanhamento psicopedagógico fornecido pela própria escola, além de contar com uma equipe de neuropsicólogos em Brasília e psicólogo e psiquiatra em Fortaleza.
O estudante sabe que é diferente, mas ressalta que isso não é motivo para ser tratado de forma distinta: “Devemos respeitar mais as pessoas com superdotação, autismo e todas as diferenças”.
Seu irmão, José, tem quase 3 anos e também é superdotado. O menino deseja que ele tenha uma vida mais leve. Sarah conta que os dois são muito próximos e torce para que continuem companheiros ao longo da vida. “O João fala assim: ‘Mãe, eu sofri para o José não precisar sofrer’.”
Apesar das dificuldades, o menino se mantém feliz, risonho e brincalhão, como toda criança deve ser. Mesmo que faça algumas atividades fora da faixa etária, ele não deixa de ser criança, correndo na escola, pulando na chuva e chegando em casa imundo, com a calça rasgada.
Fonte: R7