A pernambucana Sara Ben Eliezer tem 52 anos, é casada com um israelense, com quem teve três filhos, e mora há 25 anos em Israel. A vida tranquila que levava com o marido e sua família foi abalada com a convocação do filho mais velho, de 24 anos, para servir no exército de Israel, que está em guerra contra o Hamas desde o sábado (7).
Em entrevista à TV Globo, Sara compartilhou como tem sido a rotina de apreensão com o conflito e com a segurança do filho. Embora o governo federal tenha oferecido repatriação a todos os brasileiros que vivem naquele país, ela não se inscreveu para permanecer com a família.
“Meu filho está servindo. Eu não ia deixar ele aqui sozinho de jeito nenhum”.
Sara mora em um “kibutz” chamado Adamit, a 900 metros da fronteira com o Líbano, no norte de Israel. Kibutz vem do hebraico e quer dizer “reunião” ou “grupo coletivo”. A palavra dá nome a comunidades israelenses agrícolas, administradas coletivamente. O local foi evacuado após um bombardeio e ela precisou se mudar para a casa dos sogros.
Embora permaneça em Israel, o coração da mãe segue preocupado. “Qualquer coisa que aparece na televisão onde ele está, o coração palpita, a boca fica seca. Você já fica esperando ele mandar algum recado porque quando ele entra no bunker não tem sinal de internet”.
“Passa uma moto, você pula. Uma criança grita, você já acha que é sirene. A gente fica colado na televisão 24 horas porque o nosso filho foi convocado. A gente fica preocupado com o que está acontecendo aqui pela redondeza”.
O que aconteceu em Israel?
Como foi o ataque? As ações se concentraram perto da fronteira da Faixa Gaza, de onde o Hamas lançou 5 mil foguetes.
Por terra, ar e mar, com motos e parapentes, homens armados invadiram o território pelo sul de Israel.
Houve relatos de que os invasores atiraram em pessoas que estavam nas ruas e sequestraram dezenas de israelenses (incluindo mulheres e crianças), levados como reféns para Gaza.
Como foi a resposta de Israel? Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação.
“Estamos em guerra e vamos ganhar”, disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, logo após o ataque.
“O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu.”
Ainda em 7 de outubro, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza.
Quantas pessoas morreram? O balanço mais recente das autoridades locais indicava, na manhã desta quarta-feira, que mais de 2.800 pessoas morreram. Dessas, mais de 1,5 mil são do lado palestino e 1.300 foram em Israel. Três brasileiros estão entre as vítimas: Bruna Valeanu, Ranani Glazer e Karla Stelzer.
O que é e onde fica Faixa de Gaza? É o território palestino localizado em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito.
Marcado por pobreza e superpopulação, tem 2 milhões de habitantes morando em um território de 360 quilômetros quadrados.
Para se ter uma ideia desse tamanho em comparação com cidades brasileiras, o território é um pouco maior que o da cidade de Fortaleza (312,4 km²) e menor que o de Curitiba (434,8 km²).
Tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue aos palestinos em 2005, Gaza vive um bloqueio de bens e serviços imposto por seus vizinhos de fronteira.
Qual é o histórico do conflito na região? A disputa entre Israel e Palestina se estende há décadas e já resultou em inúmeros enfrentamentos armados e mortes.
Em sua forma moderna, remonta a 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico.