O paraibano Zenildo Oliveira, vice-prefeito de Sousa, no Sertão da Paraíba, era um dos brasileiros que estava em Israel no momento em que o país foi atacado pelo movimento islâmico armado Hamas, no início da manhã desta sábado (7). Zenildo estava acompanhado da esposa, Yohana Silveira, em Jerusalém, participando de uma peregrinação quando o país foi atacado.
Ao g1, Zenildo informou que o casal estava há cerca de sete dias em Israel, quando, por volta das 6h (horário de Jerusalém), foram acordados por sirenes de alarme de guerra na cidade de Jerusalém, onde estavam hospedados em um hotel da cidade. Os alarmes tocaram por cerca de duas horas seguidas, e, durante esse tempo, o casal tentava sair da cidade para voltar ao Brasil.
“Fomos acordados hoje às 6h da manhã com as sirenes de alarme na cidade de Jerusalém. Houve momentos de tensão na cidade. O hotel [onde o casal estava hospedado] não estava permitindo a saída”, disse Zenildo.
Para sair do hotel em Jerusalém, o casal contou com a ajuda de um intérprete que estava junto com o grupo de turistas, o qual o casal de paraibanos fazia parte, e após diálogo entre o intérprete e a direção do hotel foram liberados para sair. Do trajeto entre o hotel e o aeroporto de Jerusalém, Zenildo explica que era possível ver militares nas ruas e o clima de tensão crescer na capital israelita.
“Muito exército nas ruas e bloqueio nas estradas até o aeroporto. Estava proibido qualquer tipo de foto [na cidade]. Era a recomendação para evitar problemas nos bloqueios. Não sabemos se poderia acontecer [revista dos aparelhos celulares], mas era a recomendação dos nossos guias para evitar problemas. Tudo aconteceu muito rápido e só tínhamos uma visão de chegar rápido no aeroporto antes que ele fosse fechado novamente”, explicou Zenildo.
O movimento islâmico armado Hamas bombardeou Israel na manhã deste sábado (7), em um ataque surpresa considerado um dos maiores sofridos pelo país nos últimos anos. Os ataques aconteceram principalmente na parte sul do país. Milhares de foguetes foram lançados e, em comunicado, os militares de Israel afirmaram que “vários terroristas infiltraram-se no território israelita a partir da Faixa de Gaza”.
Israel declara guerra após ataque do Hamas — Foto: Reprodução/ GloboNews
O casal de paraibanos explicou ao g1 que o bombardeio causou bastante surpresa para eles e que mantinham os familiares constantemente atualizados do que estava acontecendo para tranquilizar quem estava no Brasil.
Zenildo e Yohana conseguiram sair de Jerusalém com destino a Tel Aviv, na costa do país, e da cidade israelita conseguiram um voo para Roma, na Itália. A previsão de chegada dos paraibanos no Brasil é de desembarcarem no Brasil no domingo, em São Paulo.
O casal de paraibanos estava em Israel numa peregrinação com outros brasileiros e pretendem retornar ao país noutra oportunidade, quando o clima estiver pacífico. “Foi uma experiência extraordinária, uma renovação de nossa fé. Pretendemos voltar em outras oportunidades”, finalizou Zenildo.
Entenda o conflito
O conflito entre Israel e Palestina se estende há décadas. Em sua forma moderna remonta a 1947, quando as Nações Unidas propuseram a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina sob mandato britânico. Israel foi proclamado no ano seguinte. Desde então, há uma disputa por território. Desde então, vários acordos já tentaram estabelecer a paz no território, mas sem sucesso.
Neste sábado, um ataque surpresa do movimento islâmico armado Hamas em Israel deixou o país em estado de guerra.
Prédio pega fogo após ser atingido por foguete em Tel Aviv, Israel, em 7 de outubro de 2023 — Foto: REUTERS/Itai Ron
Segundo um alto comandante militar do Hamas, 5 mil foguetes foram lançados contra o país do Oriente Médio. Sirenes de avisos de bombardeios foram relatadas em várias regiões de Israel, incluindo Jerusalém. Há registros de edifícios danificados em Tel Aviv e em outras cidades.
O Hamas ainda divulgou imagens mostrando o que seria um tanque israelense destruído.
Em ataque de represália, os israelenses atacaram Gaza. Eles destruíram um prédio de 11 andares, a Torre Palestina.
No começo da noite [pelo horário local], o Hamas voltou a atacar. Dessa vez, disparou mísseis contra a cidade israelense de Tel Aviv.
O que é o Hamas?
Pessoas observam destruição na Faixa de Gaza após bombardeios israelenses em reação a ataque do Hamas no dia 7 de outubro de 2023 — Foto: Mohammed Abed/AFP
O Hamas é o maior dentre diversos grupos de militantes islâmicos da Palestina. O grupo como um todo, ou em alguns casos sua ala militar, é classificado como terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido, bem como outras potências globais.
O nome em árabe é um acrônimo para Movimento de Resistência Islâmica, que teve origem em 1987 após o início da primeira intifada palestina, ou levante, contra a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
Em sua fundação, o Estatuto do Hamas definiu a Palestina histórica, incluindo a atual Israel, como terra islâmica e exclui qualquer paz permanente com o Estado judeu. O documento também ataca os judeus como povo, fortalecendo acusações de que o grupo é antissemita.
G1