O desaparecimento de Ana Sophia completa três meses nesta quarta-feira (4) sem respostas sobre a localização da criança e sem a prisão do único suspeito do crime. A Polícia Civil afirma que a menina foi morta dentro da casa de Tiago Fontes, mas os agentes não sabem o paradeiro do corpo e também não deram detalhes sobre a dinâmica da morte da criança.
“Três meses hoje que eu falo com a minha menina assim… olhando pra ela pelo retrato, alisando os cachos dela pelo retrato. Três meses que eu não escuto minha filha bem cedo pedindo pra eu fazer o café”, disse a mãe de Ana Sophia, Maria do Socorro.
Tiago Fontes segue foragido, e a mãe de Ana Sophia pede para que familiares dele, se tiverem informações, denunciem sua localização.
“Faço um apelo à mulher dele. Se você sabe onde está Tiago, diga pelo amor de Deus. Você tem duas filhas, todo dia você tá olhando pra elas, tá abraçando e dando beijo. E eu com Sophia? Se sinta no meu lugar. Se alguém pegasse uma filha sua, como você estaria? Ajuda! Diga onde Tiago está. Acabe com esse sofrimento pra todo mundo”, afirmou Maria do Socorro.
Tiago Fontes é o principal suspeito do desaparecimento de Ana Sophia, em Bananeiras, e está foragido — Foto: Divulgação
Tiago Fontes está sumido desde o dia 11 de setembro, quando foi ouvido mais uma vez pela Polícia Civil. Até então, ele não era apontado como investigado do desaparecimento, mas a polícia havia feito buscas e apreensão na casa e no carro dele. A Justiça decretou a prisão temporária de Tiago, por homicídio qualificado.
“Tiago está escondido da justiça da Terra, mas dos olhos de Deus não está. Deus vai mostrar ele pra que diga onde está minha minha filha”, disse a mãe.
Desde o início do caso, a mãe e outros familiares sofrem pelo desaparecimento de Ana Sophia e pelas poucas informações sobre o que teria acontecido com a menina. Eles também testemunharam grandes buscas no Distrito de Roma, em Bananeiras, e a formação de uma força-tarefa investigativa para solucionar o que a polícia chama de “quebra-cabeça”.
Sophia Gomes desapareceu enquanto brincava perto de casa, na PB — Foto: Maria das Graças Gomes/Arquivo pessoal
Cronologia do desaparecimento de Ana Sophia
Na terça-feira, 4 de julho, por volta das 12h, Ana Sophia pediu à mãe para ir brincar na casa de uma colega, como de costume. A menina de 8 anos era acostumada a andar pelas ruas do distrito de Roma, no município de Bananeiras. Ela se despediu por três vezes e saiu usando um vestido azul florido.
Vídeo mostra Ana Sophia na frente da casa de uma amiga, em Bananeiras — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco
Ana Sophia foi até a casa da colega, mas não permaneceu por muito tempo, pois a menina estava de saída com a família para Solânea, cidade vizinha a Bananeiras.
Uma câmera de segurança registrou Ana Sophia se despedindo da colega e retornando, como se estivesse voltando para casa, no entanto, ela nunca chegou na sua residência. Aquele foi o último registro da criança. A suspeita é de que ela tenha desaparecido nesse trajeto.
No mesmo dia, a família de Ana Sophia registrou na polícia o desaparecimento, e as buscas começaram no dia seguinte.
Na quarta-feira, 5 de julho, a Polícia Civil começou a procurar pela menina, com apoio da Polícia Militar e também do Corpo de Bombeiros. Uma força-tarefa foi montada, e as buscas aconteceram na casa da menina, em imóveis vizinhos, em açudes e nas matas da região. Foram usados cães farejadores, drones, helicóptero, mergulhadores dos Bombeiros e até retroescavadeira para reduzir o volume de um açude.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na quinta-feira, dia 31 de agosto, em imóveis do distrito de Roma, em relação ao desaparecimento da menina Ana Sophia. De acordo com o superintendente da 4ª região da Polícia Civil, Luciano Soares, a ação constituiu mais uma fase da força-tarefa investigativa montada para solucionar o desaparecimento.
Mais recentemente, Tiago Fontes, o homem que teve a casa vistoriada pela polícia, desapareceu pouco depois das buscas na própria residência.
Ana Sophia entra na casa de principal suspeito e não é mais vista
A menina Ana Sophia, de 8 anos, teria sido morta por Tiago Fontes Silva Rocha, principal suspeito do desaparecimento dela, em 4 de julho de 2023, dentro da casa dele, no distrito de Roma, em Bananeiras, no Brejo paraibano. A Polícia Civil informou que uma perícia constatou que Ana Sophia entrou na casa de Tiago, no dia do desaparecimento, e não foi mais vista após isso.
No dia 21 de setembro, a Justiça decretou a prisão temporária de Tiago, por homicídio qualificado. Ele está sumido desde o dia 11 de setembro, quando seria ouvido mais uma vez pela Polícia Civil. Até então, ele não era apontado como investigado do desaparecimento.
A casa de Tiago foi alvo de buscas e apreensões, feitas pela Polícia Civil em agosto de 2023. Conforme os delegados do caso, não há indícios de que o corpo da menina estaria enterrado no local.
“Não existe quintal ou terra nua na casa, é tudo coberto por piso, cimento ou concreto, e pela lógica dos fatos, a dinâmica de como tudo aconteceu, acreditamos que a criança foi retirada de lá após ser morta. Não podemos revelar mais que isso para não prejudicar a investigação”, disse o delegado Aldrovilli Grisi.
Identificação da casa
A Polícia Civil conseguiu chegar até a localização da casa de Tiago como o ponto de desaparecimento de Ana Sophia a partir do cruzamento de imagens de câmeras de segurança e de depoimentos de moradores da rua.
Conforme o delegado Aldrovilli Grisi, a polícia iniciou a investigação do desaparecimento refazendo os passos que a criança fez no dia 4 de julho de 2023.
“Ela foi até a casa de uma amiga, às 12h34, e foi registrada saindo deste imóvel, por motivos alheios à vontade dela, e retornou para casa. Era comum da rotina dela fazer este trajeto, e às 12h36 é registrada a passagem dela em frente a um mercadinho, descendo a rua principal de Roma” explica.
Com esses dados, a polícia conseguiu traçar um ponto zero do desaparecimento, o trecho da rua. Ao ouvir moradores da região, os delegados conseguiram identificar que ela continuou a descer a rua, por cerca de 150 metros, exatamente no trecho onde fica a casa do investigado.
“Ela é vista por uma testemunha, uma amiga do colégio, no último ponto da rua, exatamente nos 15 metros que compõem a frente da residência do suspeito. Depois disso ela não é mais vista. Temos outras quatro testemunhas, que moram após a casa dele, que não a viram naquele dia”, diz Aldrovilli.
G1