O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realiza na manhã desta sexta-feira (29) uma cirurgia para tratar artrose no quadril direito, com a inserção de uma prótese híbrida. O procedimento, considerado de baixo risco, vai ser realizado em um hospital particular em Brasília. O petista deve ser submetido a uma anestesia geral. As informações são do R7, parceiro nacional do Portal Correio.
A cirurgia era recomendada pela equipe médica, mas Lula vinha adiando a operação desde o fim do ano passado. Em diversas ocasiões, o presidente, de 77 anos, reclamou das dores que vinha sofrendo.
“Eu tomei uma decisão: vou operar o quadril nos próximos meses. É um procedimento bem simples. A dor me deixa de mau humor, e eu quero ficar de bom humor, porque eu assumi um compromisso para que o Brasil dê certo. E vai dar certo”, disse Lula em uma rede social em julho.
“Às vezes, fica visível no meu rosto que estou irritado, que estou nervoso. E, aí, você vai ficando uma pessoa incômoda, uma pessoa chata, uma pessoa que ninguém quer falar ‘bom dia’ para você, com medo de tomar um esporro. Estou chegando à conclusão de que tenho que operar”, acrescentou.
Segundo o Palácio do Planalto, Lula deve ser submetido a uma anestesia geral durante a operação e permanecer no hospital ao menos até a próxima terça (3). O tempo de recuperação é de, no mínimo, três semanas, intervalo em que o presidente vai despachar do Palácio da Alvorada.
Durante o período, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, não deve assumir a Presidência da República, segundo interlocutores do Planalto. A possibilidade foi discutida pelas equipes do Planalto, mas foi descartada, porque o vice-presidente pode tomar decisões caso aconteça algum episódio que imponha uma ação presidencial imediata.
Para Vera Chemin, especialista em direito constitucional e mestra em administração pública pela Fundação Getulio Vargas (FGV), durante a cirurgia Lula não pode exercer a função de presidente, uma vez que vai estar sob anestesia, e isso é, obviamente, um impedimento. Ela cita o artigo 79ª da Constituição Federal, que versa sobre o caso.
“Substituirá o presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o vice-presidente. O vice-presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais”, diz o trecho da Constituição.
Nesta semana, Alckmin também descartou a medida. “Não há necessidade de o presidente se afastar do cargo, porque vai ser um período curto, praticamente um fim de semana, e depois ele despacha do Palácio da Alvorada. Os deslocamentos, eventos que têm fora do Brasil, nós poderemos representá-lo, mas, na minha opinião, deve continuar. Não há necessidade de nenhum afastamento.”
Nos últimos dias, Lula foi criticado por uma fala capacitista, que é a discriminação e o preconceito contra pessoas com alguma deficiência. “Vou ficar aqui em Brasília, não vou poder pegar avião, mas vou trabalhar normalmente. Vocês não vão me ver de andador nem de muleta, vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado”, declarou o presidente, em uma suposta ligação do uso do objeto com a beleza.
Recentemente, a Itaipu Binacional cedeu um carrinho elétrico de golfe a Lula para ele se locomover durante a recuperação. De acordo com a empresa, o contrato de cessão do carrinho assinado com a Casa Civil estabelece que a Presidência da República deverá fazer as manutenções preventiva e corretiva indicadas no manual do proprietário entregue com o veículo.