O estado de São Paulo registrou nos sete primeiros meses do ano aumento de 102,5% nos atendimentos ambulatoriais e internações causadas pela exposição ao calor, na comparação com o mesmo período de 2022. Foram cinco óbitos no período. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde nesta sexta-feira (22), semana em que grande parte do Brasil enfrenta uma onda de calor.
De acordo com os dados da pasta, foram 312 atendimentos realizados em 2023 ante 154 no mesmo período do ano passado. Pessoas acima dos 60 anos, crianças com menos de quatro anos e pessoas com deficiência cognitivas são as mais afetadas e se enquadram no grupo de risco. Este público tem capacidade reduzida de perceber ou comunicar quando estão com sede e de regular a própria temperatura corporal.
As informações da secretaria não levam em consideração os dados de agosto e setembro. A depender do calor feito nestes dois meses, e considerando a tendência de aumento das temperaturas no período de primavera, esses números devem aumentar.
O problema de altas temperatura, no entanto, está longe de ser uma particularidade do Brasil. Segundo a Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), que faz registro de temperatura global há 174 anos, agosto de 2023 foi o mais quente já visto na comparação com todos os outros agostos do anos anteriores.
A previsão é de que o calor na capital paulista atinja seu pico neste final de semana, que marca o fim do inverno e início da primavera. Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura, os termômetros podem registrar 36ºC na tarde deste domingo (24). Se confirmado, será a temperatura mais alta do ano até agora. O recorde atual é desta sexta: 34,7ºC.
Sem previsão de chuva, o sol predomina e mantém o tempo abafado. As consequências dessa baixa umidade são a concentração de poluentes no ar e os riscos de queimadas, que podem agravar ainda mais problemas de saúde, principalmente respiratórios.
Para passar por esse período de altas temperaturas de forma mais saudável, os especialistas recomendam a ingestão de líquidos (de 1,5 litro a 2 litros), ao longo do dia; manter os ambientes ventilados, arejados e frescos; usar roupas leves e não fazer exercícios físicos no momento do dia em que o calor está mais intenso – a sugestão é fazer antes das 10h e depois das 16h.
A recomendação é observar o comportamento do público que está no grupo de risco, e que não pode ou consegue verbalizar o que sente. Crianças pequenas, por exemplo, ficam mais chorosas, irritadas, sonolentas e com a pele avermelhada. A queda na frequência de urina também é um sinal de que estão sentidos os efeitos do calor.
Idosos também merecem atenção especial por terem mais chances de apresentar quadros de desidratação. Por estarem sujeitos a doenças como diabetes e hipertensão, eles perdem mais água pela urina por causa da medicação.
Outro fator que contribui para desidratação em pessoas mais velhas é a diminuição natural das funções do hipotálamo, que tem a função de regular a temperatura do corpo. Com o comprometimento dessa região do cérebro, o idoso sente menos sede e, por isso, ingere menos líquido do que deveria.
Sinais de sonolência, letargia, fraqueza, dores de cabeça persistentes, tontura, náusea, vômito e convulsões podem ser indicativos de desidratação e aquecimento corporal. Em bebês, a moleira pode apresentar uma leve depressão. Qualquer pessoa que apresentar esses sintomas, independente da idade, deve buscar assistência médica.