A mãe da menina Ana Sophia, desaparecida na Paraíba há quase três meses, disse que não desconfiava do principal suspeito do crime, Tiago Fontes Silva Rocha. Por outro lado, afirmou que após assistir ao vídeo capturado por um circuito de segurança, teve certeza que a garota havia entrado na casa do homem.
“Nunca passou na mente da família. Passavam outras pessoas, mas não ele. Desde o início eu disse que era Sophia [entrando na casa de Tiago]. Eu sabia que não foi gente de longe. Foi gente que Sophia confiou. Ele ofereceu alguma coisa à minha filha. Ele enganou a minha menina”, relatou Maria do Socorro.
Na sexta-feira (22), a Polícia Civil confirmou que uma perícia constatou que Sophia entrou na casa de Tiago, no dia do desaparecimento, e não foi mais vista. Na quinta-feira (21), a Justiça decretou a prisão temporária dele por homicídio qualificado. Mas ele está sumido desde o dia 11 de setembro, quando seria ouvido mais uma vez.
A mãe de Sophia disse, ainda, que Tiago era um conhecido da família. Mas já notava o desconforto dele perto da criança.
“Ele chegava lá com a filha dele. Sophia chegava perto. Ele não gostava que Sophia chegasse perto”, recordou.
Maria do Socorro revelou também que teme não rever a filha.
“Sophia era uma menina cheia de sonhos. Não tinha falta na escola. Chegava e dizia ‘mãe, quando crescer eu vou ser uma médica’. Sophia não tá mais viva. Eu não vou ver mais minha menina. Ele acabou com a minha vida. Eu só peço Justiça. Primeiro a de Deus, que não falha, e a da terra”, lamentou.
Tiago Fontes é o principal suspeito do desaparecimento de Ana Sophia, em Bananeiras, e está foragido — Foto: Divulgação
A confirmação de que Sophia entrou na casa de Tiago e não foi mais vista tem reforçado a tese, para a polícia, de que a menina foi morta dentro do imóvel.
“A dinâmica de como aconteceu o fato nós estamos nos aprofundando mais e não tenho como divulgar, pois são dados restritos aos investigadores, mas pela dinâmica dos fatos, não temos dúvidas de que o crime recaiu sobre a menina naquele imóvel. Quanto ao corpo, só vai ser fechada essa situação com a prisão do Tiago”, disse o delegado Pablo Everton, do núcleo de homicídios da Polícia Civil em Solânea.
Ainda segundo a Polícia Civil, há mais de dois meses, o suspeito teria tentado destruir provas contra ele e chegou a apagar os dados dos celulares antes de ter o pedido de prisão temporária decretado.
Segundo o delegado Pablo Éverton, o suspeito teria conhecimento da rotina de Ana Sophia, inclusive brincava com as próprias filhas, na frente da casa da menina, uma vez que o sogro dele mora na casa em frente à de Ana Sophia.
“Há um interesse do investigado na família da vítima, nas irmãs da vítima, e na própria vítima. É uma pessoa que conhece Ana Sophia, que observava a menina”, disse o delegado.
Tiago é marido da vice-diretora da escola onde Ana Sophia estudava. A casa do casal foi alvo de busca e apreensão e, no local, foram apreendidos celulares, computadores e também o carro dele, que foi periciado.
A defesa de Tiago Fontes informou que está estudando qual instrumento irá utilizar no enfrentamento da prisão e que não descarta a impetração de um habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça, depois que fizer um pedido de reconsideração ao magistrado.
Cronologia do desaparecimento de Ana Sophia
Na terça-feira, 4 de julho, por volta das 12h, Ana Sophia pediu à mãe para ir brincar na casa de uma colega, como de costume. A menina de 8 anos era acostumada a andar pelas ruas do pequeno distrito. Ela se despediu por três vezes e saiu usando um vestido azul florido.
Ana Sophia foi até a casa da colega, mas não permaneceu por muito tempo, pois a menina estava de saída com a família para Solânea.
Uma câmera de segurança registrou Ana Sophia se despedindo da colega e retornando, como se estivesse voltando para casa, no entanto, ela nunca chegou na sua residência. Aquele foi o último registro da criança. A suspeita é de que ela tenha desaparecido nesse trajeto.
No mesmo dia, a família de Ana Sophia registrou na polícia o desaparecimento, e as buscas começaram no dia seguinte.
Na quarta-feira, 5 de julho, a Polícia Civil começou a procurar pela menina, com apoio da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. Uma força-tarefa foi montada, e as buscas aconteceram na casa da menina, em imóveis vizinhos, em açudes e nas matas da região. Foram usados cães farejadores, drones, helicóptero, mergulhadores dos Bombeiros e até retroescavadeira para reduzir o volume de um açude.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na quinta-feira, dia 31 de agosto, em imóveis do distrito de Roma, em relação ao desaparecimento da menina Ana Sophia. De acordo com o superintendente da 4ª região da Polícia Civil, Luciano Soares, a ação constitui mais uma fase da força-tarefa investigativa montada para solucionar o desaparecimento.
Mais recentemente, Tiago Fontes, o homem que teve a casa vistoriada pela polícia, desapareceu pouco depois das buscas na própria residência.
G1