O apresentador Fausto Silva, o Faustão, entrou para a fila única de transplante de coração. Segundo informações do último boletim médico divulgado pelo Hospital Albert Einstein, onde ele está internado há mais de 15 dias, houve agravamento do quadro de insuficiência cardíaca.
“Ele encontra-se sob cuidados intensivos e, em virtude do agravamento do quadro, há indicação para transplante cardíaco. O paciente está em diálise e necessitando de medicamentos para ajudar na força de bombeamento do coração”, diz o documento divulgado no último domingo (20).
A insuficiência cardíaca é uma condição progressiva na qual o coração perde a capacidade de bombear o sangue na quantidade necessária para nutrir o organismo. Isso pode acontecer devido ao enfraquecimento – caso do apresentador – ou enrijecimento do músculo cardíaco.
O transplante é indicado quando o tratamento – que envolve o uso de medicamentos orais e alterações no estilo de vida – não é capaz de melhorar ou estabilizar a condição. No Brasil, a fila para transplantes de órgãos em geral é única tanto para pacientes do sistema público de saúde quanto privado.
A fila respeita a ordem cronológica de inclusão dos pacientes. No entanto, alguns podem ser colocados como preferencial devido à gravidade do quadro clínico. Nesse caso, os critérios são bem estabelecidos e predeterminados pelo Ministério da Saúde.
— A lista é única e não tem favorecido em relação à classe social, por exemplo. O que torna o paciente prioridade é seu estado de saúde — diz a cardiologista Stephanie Rizk, especialista em insuficiência cardíaca, transplante cardíaco e coração artificial da Rede D’Or, Hospital Sírio-Libanês e da Cardio-Oncologia do InCor.
Em 2021, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica atualizando as condições de priorização de receptores de coração. No total, são 3 condições, estratificadas de acordo com a gravidade do quadro.
Pacientes nestas três condições têm prioridade na fila em relação aos demais, independente do momento em que eles foram incluídos no sistema, porque sua vida corre perigo. É impossível prever quanto tempo de espera, dado que há influência de outros fatores, como um doador compatível. Mas o tempo de espera é muito mais curto do que os 18 meses que alguns pacientes esperam.
— O paciente com prioridade máxima é aquele que precisa de um retransplante agudo. Ou seja, ele foi transplantado e um mês depois teve algum problema grave relacionado ao transplante, como rejeição aguda. Em seguida, estão pacientes com ECMO — explica Rizk.
Na condição 2 estão incluídos pacientes que utilizam algum dispositivo de curta duração que ajuda a melhorar o funcionamento do coração até o transplante. É uma espécie de “coração artificial temporário”, que deve ser usado em ambiente hospitalar.
Faustão está incluído na condição 3 de prioridade, que inclui, entre outras condições, pacientes internados com choque cardiogênico, que utilizam medicamentos intravenosos para ajudar o coração a bombear o sangue.
O choque cardiogênico ocorre quando a incapacidade do coração bombear o sangue começa a prejudicar outros órgãos.
— É um mal funcionamento sistêmico, que gera insuficiência de outros órgãos, como rim e sistema nervoso — diz a cardiologista.
Ainda segundo Rizk, essa fila é dinâmica. Se houve piora no quadro, por exemplo, um paciente pode sair da condição 3 de prioridade para a 2.
Fonte: Globo