Nesta quinta-feira (17), a polícia do Paquistão anunciou ter detido 128 pessoas suspeitas de terem participado, nesta quarta (16), do incêndio e dos ataques contra igrejas e casas da comunidade cristã.
– Registramos um total de cinco casos e 128 acusados foram presos em relação com a violência de ontem – disse à Agência EFE o porta-voz da polícia do distrito de Faisalabad, Naveed Ahmed.
A violência eclodiu na cidade de Jaranwala, na província paquistanesa de Punjab, quando centenas de pessoas saquearam e queimaram ao menos cinco igrejas, um cemitério e casas de membros da comunidade cristã, segundo o jornal paquistanês Dawn.
– Em geral, a situação na cidade agora é pacífica, e cerca de 3,5 mil membros da polícia, incluindo a Rangers [unidade militarizada], ainda estão destacados em Jaranwala para controlar a situação – disse Ahmed.
De acordo com a polícia, o caos começou depois que moradores locais afirmaram ter encontrado várias páginas do Alcorão rasgadas perto da casa de dois irmãos cristãos.
Várias mesquitas de bairro ampliaram as acusações de blasfêmia, disse à EFE outro porta-voz da polícia, Mohammed Haveed.
Segundo a fonte, os ataques provocaram, nesta quarta-feira, a fuga da cidade de alguns membros dessa minoria, que neste país representa cerca de 2,6 milhões de pessoas ou 1,27% da população do Paquistão, de acordo com o último censo.
O chefe da igreja paquistanesa pediu intervenção imediata das autoridades para acabar com a violência, enquanto a polícia paquistanesa abriu um processo contra dois jovens cristãos por danificar o Alcorão e insultar o profeta Maomé.
O crime de blasfêmia foi estabelecido nos tempos coloniais britânicos e endurecido pelo ditador Mohamed Zia-ul-Haq na década de 80. Ele acarreta pena de morte no Paquistão, embora ninguém jamais tenha sido executado por isso.
No caso mais conhecido de blasfêmia do Paquistão contra um membro da minoria cristã, Asia Bibi foi condenada à morte em 2010, mas foi finalmente absolvida pela Suprema Corte em 2018, provocando protestos em massa.