Daniela Pina, mulher de 36 anos que teve AVC enquanto amamentava – Metrópoles
Daniela sentiu os primeiros sintomas quando sua filha Catarina tinha apenas três dias de vidaAcervo pessoal
O AVC acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem. Isso faz com que o fluxo de sangue não chegue a todas as partes do órgão, impedindo seu funcionamento. No caso de Daniela, 25% de sua massa encefálica foi atingida pelo acidente.
Ela teve o que é chamado de síndrome da vasoconstrição cerebral reversível, quadro raro que acomete mulheres no puerpério. “Ainda existem muitas incógnitas relacionadas a esta síndrome. Sabemos que há uma conexão com mulheres que pariram recentemente, mas ela é muito rara e vários casos de AVC ocorrem sem causa aparente”, afirma o neurocirurgião Victor Hugo Espíndola, especialista em AVC de Brasília.
Passado um ano da internação, a funcionária pública ainda se recupera das consequências da condição. Daniela tem dificuldade para organizar a própria memória e tem menos força nos membros do lado esquerdo do corpo, mas lembra seu quadro já foi muito mais grave. “Para mim, foi como renascer praticamente junto com o nascimento da minha filha”, diz.
Quais são os sintomas?
Espíndola orienta quatro passos fáceis para identificar sinais de AVC. Ele pede que as pessoas memorizem a sigla SAMU, a mesma do serviço de atendimento médico de emergência.
“No S, pedimos que o paciente sorria e analizamos se há algum entortamento. No A, de abraço, pedimos que ele levante os braços para ver se há uma diferença de força entre os membros”, diz o neurocirurgião.
“Já no M, pedimos que o indivíduo cante uma música para avaliar a memória e a dicção. Por fim, no U, lembramos da urgência de ir imediatamente ao hospital caso qualquer um dos sintomas seja identificado”, completa Espíndola.
Uma lenta reabilitação
Como consequência dos AVCs, Daniela sofreu uma paralisia facial e dos membros do lado esquerdo do corpo. “Foi muito vergonhoso para mim. Sempre fui uma mulher muito vaidosa e me sentia mal de tomar água e sentir que ela escorria pelos meus lábios”, diz.
Daniela teve que tirar leite de dentro da UTI para manter a alimentação da filha, mas, conforme Catarina crescia, a funcionária pública também ia se readaptando à vida. Graças aos tratamentos feitos no Hospital Sarah Kubitschek, ela conseguiu retomar quase completamente os movimentos, mas ainda enfrenta dificuldades cognitivas e não tem a mesma força muscular de antes do acidente.
“Me preocupo em viver a minha vida. Faço terapia, natação. Cuido da minha família como posso e tenho a sorte de contar com o apoio da minha mãe e da minha irmã para me ajudar a cuidar dos meus filhos. Mas só de poder ser mãe, de estar viva, presente, me sinto abençoada”, afirma Daniela.
O que fazer em um caso de AVC
Quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa. Pessoas obesas, hipertensas e fumantes devem ter atenção redobrada, já que são as principais vítimas da doença.
Em caso de suspeita de AVC, é preciso ligar imediatamente para o SAMU (192), ou para os bombeiros (193) e levar a pessoa imediatamente a um hospital para avaliação clínica detalhada.
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