Como as boas histórias, no duelo entre Ceará e Sport a tensão foi companheira até o minuto final. Não foi possível para os alvinegros respirar tranquilos nem mesmo após a vitória em casa por 2 a 1. Na Ilha do Retiro, o Ceará perdeu por 1 a 0 nos 90 minutos e o título de campeão da Copa do Nordeste ficou para ser decidido na disputa de pênaltis.
Resolver nas penalidades é motivo de aflição por si só. Para o torcedor do Alvinegro a angústia era dobrada, não cabia boas recordações. O time somava derrotas nas últimas cinco cobranças de pênaltis que disputou. Se viu pego pelo improvável em alguns jogos e eliminado de competições importantes: Cearense, Copa do Nordeste, Copa do Brasil e Sul-Americana. A mais recente havia sido contra o Ituano no dia 15 de março e o resultado foi o adeus do Ceará à Copa do Brasil.
A última vez que tinha levado a melhor em uma disputa tinha sido em 2020, contra o Oeste, pela Copa do Brasil.
Mas foi justamente nas penalidades que o time mostrou ao torcedor que valeu a pena apoiar e confirmou um novo momento. Com atuação consistente de Richard, que defendeu cobranças de Luciano Juba e Gabriel Santos, e gols marcados por Danilo Barcelos, Jean Carlos, Luvannor e Erick, o time foi coroado campeão do Nordeste pela terceira vez na história. E a conquista vem em momento providencial.
Os 90 minutos
O apito final deixou para trás os 90 minutos nervosos do Ceará, mas é necessário pontuar algumas coisas do confronto. O time teve atuação ruim no primeiro tempo, com dificuldades claras de conectar o meio-campo com o ataque. O Alvinegro foi para o intervalo com uma finalização e pouca organização. Willian Formiga reclamou de dores e precisou ser substituído por Danilo Barcelos.
Aos 26, Danilo Barcelos tentou afastar perigo e acabou mandando bola para o meio da área, onde Juba aproveitou para finalizar e abrir o placar. O Alvinegro não conseguiu responder após o gol e apresentou muitas falhas na saída de bola. O time foi para o intervalo com um primeiro tempo para esquecer.
Para a segunda etapa, voltou com Jean Carlos na vaga de Arthur Rezende. Os primeiros minutos foram do Sport novamente. Conforme se aproximava do fim, o Ceará buscou ficar mais tempo com a bola e deixar o duelo mais morno. Ensaiou ainda algumas chegadas quando o adversário estava mais cansado, mas deixou a desejar na produção ofensiva.
Coube ao Alvinegro guardar o nervosismo da primeira etapa e tentar frear o adversário de todas as formas. Assim chegou aos pênaltis.
Ânimo para o torcedor
A última vez que levantou a taça, o Ceará não dividiu o momento com a torcida por conta da pandemia. Depois disso, bateu na trave contra o Bahia em 2021. O caminho até a conquista foi longo e foi necessário arrumar muita coisa em casa até aqui. O time passou por reformulação após rebaixamento, trocas técnicas, superou de crise política e assim tem lutado por evolução.
Depois de três temporadas sem títulos, a casa ficou pronta para receber o terceiro troféu de campeão da Copa do Nordeste. E dessa vez os alvinegros estiveram presentes do primeiro duelo contra o Ferroviário até o desfecho contra o Sport. Sustentaram a promessa de nunca abandonar, independente da fase, e agora começam a colher frutos.
O título dá confiança para o trabalho seguir e serve de combustível para o principal objetivo da temporada: a briga pelo acesso à Série A. O Ceará venceu apenas um dos três jogos na Série B e agora foca totalmente na competição. De técnico novo, Barroca, e com o sangue ainda quente com a emoção da conquista, o Vovô tem oportunidade de virar a página e seguir se reestruturando.
Ao torcedor que acreditou até aqui, toda festa e celebração é justa e necessária. Acreditar e apoiar tem recompensa. E veio primeiro em forma de mudança e agora em conquista.