Conversas íntimas entre José Fernandes Ferreira, popularmente conhecido como “Dudé”, e uma suposta estudante circulam nas redes sociais nesta quinta-feira (20). Nas capturas de tela, ele supostamente aceita fornecer uma vaga de estágio em troca de sexo.
Dudé é um dos chefes da Secretaria de Estado de Indústria, da Ciência, do Comércio, do Empreendedorismo e do Turismo (Seicetur), nomeado no dia 15 de fevereiro deste ano na edição nº 13.477 do Diário Oficial do Estado (DOE) , exercendo cargo de Chefia, Assistência e Assessoramento (CAS) nível 8, com vencimento salarial de cerca de R$ 11 mil. Ele costuma estar envolvido na organização de grandes eventos do governo do Acre, tais como a Expoacre.
No diálogo, a mulher não é identificada. Contudo, na troca de mensagens, ele pede para ver fotos da genitália dela. Em um dos prints, a estudante pede a Dudé que a ajude para que ela seja estagiária na área de turismo, e ele diz que conseguirá se ela dormir com ele.
Em outra captura de tela, ele diz: “Não sou secretário, tenho que falar com os colegas. Então se acalma, eu vou te ajudar”.
– Claro, consigo seu estágio
– Certeza?
– Certeza, secretário é meu amigo – disse Dudé
– Então eu topo ir na sua casa – falou.
Após o vazamento das conversas, o deputado estadual Emerson Jarude (MDB) pediu a exoneração de Dudé na sessão desta quinta-feira (20). O parlamentar apresentou uma indicação para que a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) encaminhe uma indicação ao Executivo para que Dudé perca o cargo.
“O governador tem a responsabilidade de tomar as medidas cabíveis para punir esse tipo de atitude e dar o exemplo para que isso não volte a acontecer, mas como até agora não vimos nenhuma declaração ou medida nesse sentido, vim pedir que seja encaminhada a indicação para a exoneração do servidor José Fernandes Ferreira Lima do cargo em comissão CAS-8 por conduta incompatível com a moralidade e probidade administrativa, ao valer-se do cargo para exigir proveito pessoal”, disse.
‘Fui vítima de extorsão’
O g1 entrou em contato com Dudé, que afirmou que foi vítima de um golpe aplicado por alguma pessoa em Belo Horizonte (MG). Falou que recebeu uma ligação de uma pessoa identificada por Cinthia Ribeiro Mota Vilela. Durante as conversas, que ele não nega ter tido com a suposta conta, disse que ela pediu R$ 1 mil e ele disse que não tinha. Contudo, fez a transação de R$70 para fins estéticos.
Após a divulgação dos prints, disse que pegou o CPF, utilizado para transferir a quantia, e verificou que esta pessoa tem, sob responsabilidade, uma empresa individual (MEI), com sede na mesma cidade, e que tem como principal atividade serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas.
Ele disse que esta já é a segunda vez que foi vítima de extorsão e que teve conversas vazadas. A primeira ocorreu em agosto do ano passado, quando igualmente, registrou um Boletim de Ocorrência contra um perfil que pediu a quantia de R$ 500. O B.O é datado de 27 de agosto de 2022.
“Tem um print vazado aí nas redes e nenhum momento esses prints falam ou comprovam que eu estou oferecendo emprego para alguém. Pelo contrário, quem lê os prints vê que eu estou dizendo que não posso dar porque não sou secretário, que não é assim que se faz. Quem continuar insistindo, quem afirmou isso vai responder na Justiça porque não tem em nenhum momento dizendo que eu fiz isso. Fui vítima de extorsão, de um golpe. Como é que uma pessoa de 47 anos, mora em Belo Horizonte pode estar querendo estágio? Ela me pediu mil reais, eu disse que não poderia dar porque eu não tinha. Eu não nego as conversas, conversei um dia com essa pessoa. É fato. Eu fui vítima de extorsão”, disse ao g1.
Sobre a colocação de Jarude, Dudé disse que vai processá-lo.
“Ele não pode afirmar. Ele está reproduzindo o que falaram. Ele poderia ter me ligado, perguntado. Não existe, pode pegar os prints, e veja se em algum lugar ‘tá’ oferecendo emprego. Quem afirmar isso vai ter que responder. Ele tá fazendo o papel de oposição, mas ele não pode, irresponsavelmente, afirmar o que eu fiz o que ele disse que fiz, ‘oferecer estágio em troca de favores’. Não fiz, não faço e lá nos prints não diz isso. Seu Jarude vai ter que responder né, óbvio”, frisou.
O que diz o Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do Acre
Segundo a Lei Complementar nº 39, de 1993, mais precisamente nos artigos 166, inciso IX, diz que o servidor deve “manter conduta compatível com a moralidade administrativa”. No que tange às proibições, o artigo 167, inciso IX, diz que o servidor não pode “valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública”.
Redação com G1