Um bebê, de um ano e 27 dias, deu entrada na Santa Casa de Campo Grande em estado grave com traumatismo craniano e duas clavículas quebradas na tarde desta terça-feira (14). A mãe e o padrasto da criança deram versões contraditórias e, por isso, foram presos preventivamente. A Polícia Civil foi acionada para investigar o caso.
Em depoimento, a mãe do menino contou que tomava banho, quando o filho, que estava sozinho no quarto, caiu da cama. O primeiro atendimento foi em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de onde a criança foi levada de ambulância para a Santa Casa.
Acionada pelos médicos, a polícia esteve no hospital e, em seguida, acompanhou mãe e padrasto até a casa do casal. No local, enquanto a perícia realizava atendimento, o companheiro da mulher chamou os policiais no canto e apresentou nova versão.
“Ele falou: ‘eu tinha saído para levar minha esposa, que é manicure, para fazer unha aqui perto e a criança estava sozinha. A queda aconteceu nessa hora’”, revelou o suspeito, segundo o delegado Roberto Morgado.
O padrasto ainda contou à polícia que o suposto acidente aconteceu pela manhã, por volta das 7h. Porém, só no início da tarde, pouco depois das 13h, é que a mãe procurou o posto de saúde. Segundo ele, o menino não havia apresentado ferimentos, após a queda, mas que percebeu piora ao longo da manhã.
“Ele tentou justificar os ferimentos dizendo que fez massagem cardíaca e respiração boca a boca”, informou o delegado.
Roberto Morgado destacou que os exames periciais vão ajudar a polícia a entender o que aconteceu com o menino. Mãe e padrasto foram presos por abandono de incapaz e fraude processual, porque combinaram o depoimento deles. Caso agressões sejam identificadas, eles podem responder por maus-tratos.
Pai desconhece às agressões
O pai da criança, que não foi identificado, esteve na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), na manhã desta quarta-feira (15), para prestar depoimento. O pai da criança está como responsável pelo bebê, após a mãe e o padrasto serem presos por abandono de incapaz.
À reportagem, ele contou ter sido pego de surpresa com a ligação da mãe do filho, falando sobre os ferimentos. Na Santa Casa, ele foi alertado pelos médicos. “Na verdade ele [o médico] não usou a expressão espancamento, ele usou a expressão tortura. Meu filho está com marcas no pescoço, como se alguém tivesse enforcado ele”, revelou.
De acordo com o boletim médico, o bebê segue interno no leito da área vermelha da pediatria, sedado, respirando por ajuda de aparelhos, mas estável.