Em meio à proibição, nesta sexta-feira (10), da venda de todas as pomadas para modelar, trançar ou fixar cabelos, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sugiram na internet muitos relatos de mulheres que tiveram efeitos colaterais sérios a partir do uso do produto.
A jornalista maranhense Amanda Mouzinho viveu momentos de aflição ao ter perda temporária da visão, devido o uso de uma pomada modeladora para tranças. O produto entrou em contato com os olhos dela durante uma viagem que fez para Atins, no litoral do Maranhão, em novembro do ano passado.
Amanda é adepta do uso de tranças há um bom tempo e havia decidido, de última hora, trançar o cabelo antes de uma viagem com amigos, em novembro de 2022. O que ela não sabia é que, um processo considerado rotineiro por ela, iria se transformar em um pesadelo nos próximos dias.
Devido a indisponibilidade da profissional que Amanda é acostumada a fazer tranças em São Luís, ela buscou por outra pessoa. Neste dia, foi usada no cabelo uma pomada modeladora diferente do que era ela acostumada.
Ao g1, a jornalista conta que estava em um momento de lazer com amigos, em Atins, quando começou a chover no local. Imediatamente, ela começou a sentir ardência nos olhos e ficou com pouca visibilidade. Com dúvidas do que poderia se tratar, ela diz que achou se tratar de uma alergia.
“Caiu uma chuva torrencial e o protetor solar que eu estava no rosto começou a derreter no meu rosto. E imediatamente começou aquela ardência nos olhos, ficou aquela capa nos meus olhos, aquele vulto branco e eu não conseguia enxergar nada. Eu sempre tive muitas alergias, então achei que poderia ser uma bem forte e estar em um processo alérgico”, relata.
A jornalista Amanda Mouzinho teve irritação, ardência e perdeu a visão temporariamente com o uso da pomada para tranças — Foto: Arquivo pessoal
Atins é um vilarejo pequeno localizado no extremo litoral do Maranhão e está em uma região que engloba o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Por se tratar uma região remota, o acesso à assistência médica pode ser demorado e é feito com o auxílio de lanchas.
Por conta disso, Amanda Mouzinho precisou optar uma segunda opção. A jornalista explica que conseguiu aliviar os sintomas com a ajuda de um colírio, que continha corticoide na composição, emprestado por uma das amigas que estava com ela na viagem.
Sem um diagnóstico certo do que se tratava o processo alérgico, ela chegou a entrar em contato com um médico que lhe passou algumas orientações, como o uso de óculos escuros durante a exposição ao sol, e pediu que ela mantivesse o uso do medicamento.
“Por sorte, uma das minhas amigas tinha com ela um colírio com corticoide na composição, que é a única coisa que posso usar quando estou em processo alérgico. Eu comecei a usar ele durante o tempo todo que fiquei lá. Também pedi ajuda para um médico, amigo meu, que me deu umas orientações e pediu que eu mantivesse o colírio e os cuidados com os meus olhos. Sem dúvidas, foi isso que me salvou naquele momento”, conta a jornalista.
O processo de cegueira temporária ficou por mais três dias. Durante esse período, Amanda precisou lidar com os sintomas e a chateação em ter que curtir a viagem de maneira mais leve, diferente do que havia planejado “É desesperador, você se vê boa, curtindo sua viagem e de repente, isso acontece”, conclui.
Amanda Mouzinho contou, ao g1, que só descobriu que se tratava de uma reação alérgica à pomada modeladora de tranças quando retornou à São Luís. A descoberta aconteceu na semana em muitos relatos de problemas com pomadas modeladoras surgiram na internet.
Após uma busca em sites, a jornalista achou a lista divulgada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e constatou que a pomada que ela havia usado no cabelo estava lá. Foi aí, então, que ela entendeu o que havia acontecido.
“No primeiro momento, eu achei que estava em um processo alérgico. Quando eu voltei para São Luís, eu fui buscar na internet, li os relatos, vi a gravidade de tudo e a ficha caiu do que havia acontecido comigo. Foi muito assustador descobrir que eu poderia ter ficado cega e nesse momento, eu entendi do que se tratava. E logo depois, a Anvisa começou a suspender algumas”, relata.
Após descobrir do que se tratava, Amanda procurou a profissional para alertar do que havia acontecido. Segundo a jornalista, a moça contou para ela que também estava sentindo ardência nos olhos, as mãos estavam vermelhas e que era a primeira vez que havia usado o produto nas clientes.
“Não posso culpar a profissional, porque assim como eu, ela não sabia que pomada podia causar isso. Eu alertei ela sobre o que tinha acontecido, pedi “pelo amor de Deus, suspende, não usa em mais ninguém”. Avisei a dona do salão para poder evitar que outras pessoas passassem por isso também. Inclusive, a profissional, disse que estava sentindo algumas coisas também, que eram efeitos colaterais da pomada”, diz.
Alerta
O relato de Amanda Mouzinho também foi divulgado, em uma série de vídeos, publicados em suas redes sociais. A intenção, segundo a jornalista, é de alertar outras pessoas sobre os riscos de produtos com composições que podem causar riscos à saúde.
“A intenção mesmo do meu relato foi de alertar outras pessoas. Eu vi a proibição da Anvisa e vi que seria o momento ideal para contar o que tinha acontecido comigo. Depois desse problema, eu continuo fazendo minhas trancinhas, eu não fiquei com esse trauma, mas sempre tendo muito cuidado. Evitem transtornos”, finalizou.