Com a decisão do Tribunal de Justiça, Severino Rodrigues espera que o dinheiro ajude a resolver as pendências financeiras após as despesas com a saúde mental. “Para arcar com as despesas do psicólogo, psiquiatra, advogado, da farmácia. Esse dinheiro vai ser para isso”, fala o eletricista, que declarou estar retomando a vida agora.
Para a esposa de Severino, Patrícia Pereira, essa é uma marca que a família vai levar para sempre. “Pode passar o tanto de ano que for, eu nunca vou esquecer, imagina ele”, conta Patrícia.
Indenização negada
Após revogação da prisão, Severino processou o Estado e, em primeira instância, perdeu a ação.
Na sentença de abril de 2022, o juiz Antonio Eugênio Leite Ferreira Neto, da 2ª Vara Mista de Itaporanga, admitiu em sua decisão que os fatos acontecidos eram graves, mas disse que o Estado não tinha culpa porque tudo não passara de uma “eventualidade da vida”.
Em sua decisão, o juiz ainda condenou o homem preso injustamente a pagar 10% do valor da causa para fins de custas do processo.
O advogado Olímpio Rocha, que representa a vítima informou que receberam com surpresa a decisão contrária do juiz. “Causou perplexidade e revolta”, fala o advogado que entrou com recurso de apelação.
Entenda o caso
Severino Rodrigues da Silva Júnior estava em seu local de trabalho, em Itaporanga, quando foi abordado por três policiais no dia 16 de abril de 2019. Eles confirmaram a identidade dele e, de forma imediata, deram voz de prisão. O homem então foi levado para a Cadeia Municipal de Patos e no dia seguinte levado para a Central de Polícia de João Pessoa.
Teoricamente, ele respondia a um processo por tentativa de homicídio em Santa Rita, no ano de 2008, mas pouco tempo depois descobriu-se que o verdadeiro suspeito era um “quase homônimo” chamado Severino Rodrigues Silva Júnior, que inclusive morava no município da Grande João Pessoa.