Movido pelo propósito de fortalecer a integração latino-americana e caribenha, principal razão da existência da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez a defesa, nesta terça-feira (24/1), de que somente o apoio mútuo é capaz de solucionar conflitos na América Latina. “Há uma clara contribuição a ser dada, pela região, para a construção de uma ordem mundial pacífica, baseada no diálogo, no reforço do multilateralismo e na construção coletiva da multipolaridade”, sustentou Lula. O presidente discursou na abertura da VII Cúpula da Celac, realizada em Buenos Aires (Argentina). Ao lado de líderes das nações-irmãs, Lula comemorou o retorno do Brasil à Comunidade, após três anos de afastamento.
Com muita alegria e satisfação, segundo Lula, o Brasil está de volta “e pronto para trabalhar lado a lado com todos vocês, com um sentido muito forte de solidariedade e proximidade”, disse. Integrado por todos os 33 países da América Latina e Caribe, o bloco se orienta pela integração regional e consolidação de uma região pacífica, marcada por relações pautadas pelo diálogo e pela cooperação. Com efeito, conforme o presidente, as alianças formadas no âmbito da Celac são de extrema importância para o desenvolvimento.
Lula apontou que o Brasil apresentou, recentemente, a candidatura de Belém (PA) para sediar a COP30, programada para 2025. “O apoio que estamos recebendo dos países da Celac é indispensável para que possamos mostrar ao resto do mundo a riqueza de nossa biodiversidade, o potencial do desenvolvimento sustentável e da economia verde, além, é claro, da importância de preservação do meio ambiente e do combate à mudança do clima”, argumentou.
ALÉM DA ECONOMIA — Para o alcance dos objetivos econômicos do grupo, o presidente Lula reiterou que o desenvolvimento social deverá ser a bússola das ações. “Nossa estratégia de desenvolvimento deve caminhar passo a passo com a redução da desigualdade, em suas diversas dimensões, com a garantia de acesso aos direitos fundamentais no campo da Educação, da Saúde e do Trabalho”, frisou. Desta forma, a inclusão dos povos minoritários, altamente ameaçados pela negligência, é urgente.
“Nada deve nos separar, já que tudo nos aproxima”, sentenciou.
Mirando um “futuro comum de paz, justiça social e respeito na diversidade”, Lula rememorou o passado exemplar e digno de orgulho de um brasileiro que mudou a história da Educação e deixou um legado para centenas de gerações. “Não poderia terminar sem homenagear um brasileiro extraordinário, que se dedicou a repensar nossa região, quando uma comunidade latino-americana e caribenha ainda era uma miragem. Em outubro passado, Darcy Ribeiro, homem público e um dos nossos maiores pensadores, teria completado cem anos. Tendo vivido o exílio, nos anos 60 e 70, ele foi dos primeiros a falar da nossa ‘unidade na diversidade’. Essa Pátria Grande, e a apontar a contribuição civilizatória muito particular que a nossa região tem a dar para o mundo”, sublinhou.