O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu compreensão com as dívidas causadas pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) comparando com a “tolerância com os ricos” que devem impostos no país. Lula questionou por que ele deveria se incomodar com a inadimplência estudantes quando o Brasil tem quase “R$ 2 trilhões em dívidas com as pessoas que não pagam imposto de renda”.
— Mas se o país tem tanta tolerância com os ricos que devem nesse país, por que a gente não tem a compreensão que um jovem que se formou pode pagar a sua dívida? O Brasil tem quase R$ 2 trilhões de dívida que as pessoas não pagam, pessoas que não pagam imposto de renda. E vocês sabem que quem sonega não é trabalhador, porque eles são descontados no holerite. O Brasil tem milhões de pessoas que dão cano na previdência social, que não paga impostos e essa gente deve quase R$ 2 trilhões, e eu vou me incomodar com a dívida do estudante? — afirmou Lula durante encontro com 106 reitores de universidades e institutos federais no Palácio do Planalto.
O programa que subsidia as mensalidades nas universidades privadas é criticado pelo alto custo aos cofres públicos e pelos índices de inadimplência. Lula, no entanto, afirmou ainda que não há um problema com o custo do programa e que acha “muito pouco” o argumento de “achar” que a dívida não será paga.
— Não adianta me dizer ‘ah, mas o Fies estava custando 5 bilhões, já tinha uma dívida de 5 bilhões”. Não tem problema. Porque no Fies os estudantes não pagavam durante todo o período que estava estudando. Depois que ele parava de estudar, o mesmo período que ele estudava ele ficava sem pagar. Ele passava a apagar depois. ‘Ah mas vai dar o cano, não vai pagar’. Isso é muito pouco a gente achar que não vai pagar. Ele não teve nem chance de provar se vai pagar ou não. Ele nem arrumou emprego — afirmou Lula.
O ex-presidente Jair Bolsonaro sancionou no ano passado uma lei que permite o abatimento de até 99% das dívidas de estudantes com o programa. No encontro com reitores, Lula ainda afirmou ter certeza de que as dívidas serão pagas pelos estudantes ao final do curso de graduação.
— Por que a gente não tem a compreensão que um jovem que se formou pode pagar sua dívida? Você sabe quem sonega não é trabalhador. O Brasil tem milhões de pessoas que não pagam impostos. Eu vou me incomodar com a dívida do estudante? Que tomou emprestado R$ 10 ou 12 mil reais? Eu tenho certeza que esse jovem, quando se formar, vai pagar essa dívida.
Mais cedo, no mesmo evento, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que o governo vai retomar o investimento no programa. O ministro afirmou também que o presidente deve anunciar até o final do mês o reajuste das bolsas do Cnpq e da Capes.