Ibaneis Rocha, governador afastado do Distrito Federal, apresentou em depoimento à Polícia Federal, mensagens de texto e áudio que comprovariam a versão de que o plano de segurança de Brasília foi “sabotado” no domingo,8, durante os atos golpistas na capital do País. O conteúdo foi obtido pelo O Globo.
“Tira esses vagabundos do Congresso e prenda o máximo possível”, escreveu o governador às 15:39 ao então secretário interino de Segurança Pública do DF, Fernando de Souza Oliveira.
Com as mensagens, o chefe do executivo tenta comprovar a tese de que foi induzido ao erro pela cúpula de segurança local, além de mostrar que houve conivência da sua parte. Ibaneis alega que, ao saber da invasão ao Congresso, pediu uma reação enérgica por parte das forças policiais.
O governador afastado mostrou uma troca de mensagens com Oliveira, na qual o ex- secretário interino de Segurança Pública do DF avisa que a manifestação ocorria de maneira “pacífica, ordeira e democrática”.
Em outro trecho do depoimento, Ibaneis compartilhou um áudio enviado às 13h23 por Oliveira. Nele, o ex- secretário interino garante que negociou para que os manifestantes deixassem os arredores da Esplanada dos Ministérios.
“Governador, bom dia. Delegado Fernando falando. Governador, passar o último informe aqui do meio dia para o senhor. Tudo tranquilo. Os manifestantes estão descendo lá do SMU, controlado, escoltado pela polícia. Tivemos uma negociação para eles descerem de forma pacífica, organizada, acompanhada. Toparam. Não precisou conter lá em cima. É um ou outro ônibus que vai descer. Ao descer perto da rodoviária, eles desembarcam ali na alça leste e seguem acompanhados pela polícia militar”, disse.
Prosseguiu Oliveira: “Então, assim, tá um clima bem tranquilo, bem ameno, uma movimentação bem suave e a manifestação totalmente pacífica. Até agora, nossa inteligência está monitorando, não há nenhum informe de questão de agressividade ligada a esse tipo de comportamento. Tem aproximadamente cento e cinquenta ônibus já no DF, mas todo mundo de forma ordeira e pacifica”.
Na sequência,Ibaneis responde de forma sucinta: “Maravilha”, às 13h29 do domingo. Este é o último diálogo entre eles, até o início dos atos terroristas.
Com o compartilhamento do conteúdo com a PF, a defesa de Ibaneis espera comprovar que o governador afastado foi levado ao erro e que não foi conivente com os atos terroristas.