Um homem foi espancado, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, após ser confundido com um bandido. Machucado, Wellington Conceição da Silva, que não tem passagem pela polícia, diz não entender o motivo de tanta violência.
“Se eu roubei, tem que ter uma vítima. Cadê a vítima? Cadê o objeto que vem a dizer que eu roubei? Cadê isso? Não tem nada, não tem roubo, não tem vítima”, argumenta a vítima.
Imagens mostram o rapaz ferido, logo depois de ter sido espancado por dois homens. “Você é gente boa? Então, por que você veio roubar aqui? Causa de quê?”, questiona o agressor, no vídeo. “Eu roubei? Eu não roubo ninguém!”, responde Wellington que, mesmo reafirmando sua inocência, continua a receber pontapés.
Wellington foi agredido enquanto passava em frente a um bar, em São Gonçalo. Os suspeitos de agredir o rapaz são o dono e o segurança do estabelecimento, que filmaram e divulgaram toda a violência nas redes sociais.
“Estou com medo de alguém me reconhecer no vídeo, e não me conhecer, achar que, realmente, eu cometi aquilo, e eu ser agredido em um outro local”, ele relata.
Wellington tem 31 anos e trabalha como pintor de fachadas. Ele registrou o caso na delegacia e fez exame de corpo de delito. Os acusados foram intimados a depor.
“Se achassem que houve um roubo, um furto, procurava a delegacia, a polícia. O Wellington, a gente fez a pesquisa, não tem histórico criminal, não tem nenhuma anotação por roubo, furto, enfim, é um trabalhador”, pondera o delegado Geraldo Assed Estefan.
Segundo a polícia, os agressores poderão ser indiciados por lesão corporal e injúria. Contudo, para advogada do rapaz, ele também foi vítima de racismo.
“Wellington foi confundido com um ladrão pelo simples fato de ser negro. Espancado com socos e pontapés, arrastado pela rua para confessar um crime que ele não cometeu”, conclui Rejane Ferreira.
São casos de intolerância que se repetem, como o do africano Moïse Kabagambe, morto a pauladas, socos e pontapés em um quiosque, no Rio de Janeiro, há um ano. E também de João Alberto Silveira Freitas, espancado até a morte pelos seguranças de um supermercado de Porto Alegre, em novembro de 2020.