O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou nesta quinta-feira, 16 novos ministros que vão fazer parte do seu futuro governo, que toma posse em 1º de janeiro de 2023. Lula afirmou ainda que mais nomes serão anunciados na próxima semana.
Entre nomes divulgados, estão personalidades sociedade civil, como a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e escritora Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco. No grupo há ainda representantes partidários da base do governo, como Alexandre Padilha, que irá comandar a Secretaria das Relações Institucionais, e de Márcio Macedo, à frente da Secretaria-Geral.
Na última semana, o presidente eleito já havia anunciado os primeiros cinco ministros de seu governo. Lula confirmou o nome do ex-ministro Fernando Haddad (PT) para o comando do Ministério da Fazenda, o governador da Bahia Rui Costa (PT) para a Casa Civil, o senador eleito Flávio Dino (PSB), na Justiça e Segurança Pública, e José Múcio Monteiro, que não tem filiação partidária, na Defesa. O ex-chanceler no governo Dilma Mauro Vieira chefiará o Itamaraty.
Após o anúncio, o petista foi criticado pela falta de representatividade entre os escolhidos. Na nova leva de indicados, ele nomeou ao todo seis mulheres e três ativistas do movimento negro.
Saiba quem são os novos ministros de Lula:
Secretaria das Relações Institucionais – Alexandre Padilha
O parlamentar assumirá o posto pouco mais de doze anos após comandar a mesma pasta, durante o segundo mandato de Lula. Com a missão de fazer a interlocução do governo com o Congresso, Padilha esteve próximo do chefe durante a campanha e a transição. Político experiente, o parlamentar é médico e comandou também o Ministério da Saúde no primeiro governo de Dilma Rousseff. Leia o perfil completo aqui.
Secretaria-Geral – Márcio Macêdo
Deputado Federal do Partido dos Trabalhadores pelo estado de Sergipe desde 2010, Márcio Macêdo já foi tesoureiro da sigla e atualmente é um dos vice-presidentes nacionais. O cargo é responsável diretamente pelo acompanhamento e orientação do presidente nas agendas institucionais, diálogo com movimentos sociais e na relação com os órgãos e entidades da administração pública, com o Congresso Nacional e com o Judiciário. Leia o perfil completo aqui.
Advocacia-Geral da União – Jorge Messias
Procurador da Fazenda Nacional , ele foi responsável por comandar a defesa do governo federal perante o Supremo Tribunal Federal (STF) e coordenar as estratégias jurídicas da gestão. Ele ficou conhecido como “Bessias” por uma interceptação telefônica divulgada na Lava-Jato de uma conversa entre Lula e a então presidente Dilma Rousseff, em março de 2016. Na ocasião, Dilma avisou a Lula que enviaria por meio de ‘Bessias’ um termo de posse para que ele assinasse e, assim, se tornasse ministro da Casa Civil. “Seguinte: eu tô mandando o ‘Bessias’ junto com o papel, pra gente ter ele. E só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?”, disse Dilma no grampo. Leia o perfil completo aqui.
Controladoria-Geral da União – Vinicius Carvalho
Advogado e ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, ele é professor de direito comercial da USP. Ocupará um posto estratégico para a revisão dos sigilos de cem anos decretados pelo governo Bolsonaro em documentos da administração pública. Carvalho também ficará responsável por analisar uma possível revisão dos acordos de leniência firmados com as empresas alvos da Operação Lava-Jato. Leia o perfil completo aqui.
Ministério do Desenvolvimento Social – Wellington Dias
José Wellington Barroso de Araújo Dias, de 60 anos, foi coordenador da campanha de Lula no Nordeste durante as eleições deste ano. Deixou o cargo de governador para disputar o Senado e foi eleito, pela segunda vez, com 51,34% dos votos válidos. Em 2010, ele também foi eleito senador pelo estado. Dias foi ainda vereador de Teresina, deputado estadual, deputado federal e governador do Piauí por quatro mandatos: entre 2003 e 2010, e entre 2015 e 2022. Como governador, foi presidente do Consórcio Nordeste, que reúne os estados da região, ao longo da pandemia de Covid-19. Leia o perfil completo aqui.
Ministério da Saúde – Nísia Trindade
Doutora em sociologia pela UERJ, a nova ministra é servidora da Fiocruz desde 1987 e integrou grupo de trabalho para construção do Plano de Ação Global da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2018. No ano seguinte, atuou como membro grupo consultivo da OMS para implementação da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). À frente da Fiocruz desde 2017, a socióloga também foi a primeira mulher a assumir o cargo máximo da fundação. A gestora comandou a Fiocruz durante toda a pandemia de Covid-19, quando a entidade foi protagonista na resposta do Sistema Único de Saúde (SUS) ao coronavírus. Leia o perfil completo aqui.
Ministério da Educação – Camilo Santana
Governador do Ceará por oito anos, entre 2014 e 2022, Santana foi eleito neste ano para seu primeiro mandato como senador pelo estado. Camilo Santana, 54 anos, é filho do ex-deputado Eudoro Santana. É formado em engenharia agrônoma, com mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Ceará. Ele iniciou a carreira como servidor público federal concursado. Leia o perfil completo aqui.
Ministério da Gestão – Esther Dweck
Esther tem forte atuação no setor público e ocupou um papel estratégico na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. Ela é professora do Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com doutorado em economia da indústria e da tecnologia pela mesma instituição em 2006. Entre 2011 e 2016, no Ministério do Planejamento, Esther ocupou dois cargos de alto escalão. Foi chefe da Assessoria Econômica da pasta, entre junho de 2011 e dezembro de 2014. Na sequência, foi secretária de Orçamento Federal, entre janeiro de 2015 a março de 2016. Ela também teve uma breve passagem, entre março e maio de 2016, no cargo de subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Casa Civil da Presidência. Leia o perfil completo aqui.
Ministério dos Portos e Aeroportos – Márcio França
Advogado, ele se filiou há 34 anos ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), legenda em que permanece até hoje. França, 59 anos, é filho de médico, trabalhou como oficial de justiça, foi prefeito de São Vicente (SP), deputado federal e governador de São Paulo entre 2018 e 2019. Ele assumiu o cargo após a renúncia de Geraldo Alckmin para concorrer à Presidência. Ele era vice de Alckmin e concorreu à reeleição, mas perdeu em segundo turno para João Doria (PSDB). Leia o perfil completo aqui.
Ministério da Ciência e Tecnologia – Luciana Santos
Atual vice-governadora de Pernambuco e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos é natural de Recife e engenheira pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Já foi deputada estadual, deputada federal e prefeita de Olinda em dois mandatos, além de ter sido a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-governadora de Pernambuco, em vitória na chapa com Paulo Câmara (PSB), nas eleições de 2018 junto. Veja o perfil completo aqui.
Ministério da Mulher – Cida Gonçalves
Especialista em gênero e violência contra a mulher, a futura gestora do Ministério das Mulheres já foi secretária nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres em governos anteriores de Lula e Dilma Roussef (PT). De Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Cida chegou a se candidatar, em 1988 e 2000, ao cargo de vereadora no estado. Nos últimos anos, vinha trabalhando como consultora em políticas públicas para o enfrentamento da violência doméstica e dava workshops sobre o tema. Leia o perfil completo aqui.
Ministério da Cultura – Margareth Menezes
Cantora e compositora com mais de 35 anos de carreira, é uma das maiores referências da música baiana, integrando a geração dos anos 1980 que consolidou o movimento que viria a ser conhecido nacional e internacionalmente como Axé Music. Em paralelo à carreira musical, a cantora desenvolveu um projeto de formação de jovens no campo da da arte, educação e cultura, a Fábrica Cultural. Inaugurada em 2004, a ONG atua desde 2008 no bairro da Ribeira, onde Margareth nasceu, e outras comunidades carentes da capital baiana. Em 2005, Margareth fundou o movimento Afropop Brasileiro, voltado a destacar e festejar a cultura negra no Brasil. No ano passado, a cantora foi nomeada embaixadora da cultura popular do Brasil pela Unesco. Leia o perfil completo aqui.
Ministério do Trabalho – Luiz Marinho
O presidente do PT de São Paulo já ocupou o Ministério do Trabalho entre 2005 e 2007 quando Lula era presidente. Marinho é amigo do presidente eleito e iniciou a carreira política da mesma forma que Lula, como presidente do Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC. Ele também presidiu a Central Única dos Trabalhadores (CUT), central sindical ligada ao PT. Em 2008, foi eleito prefeito de São Bernardo do Campo (SP), cidade onde Lula vivia até 2020. Conseguiu ser reeleito prefeito do município em 2012. Em 2018, ao disputar o governo de São Paulo, ficou apenas em quarto lugar.
Ministério da Igualdade Racial – Anielle Franco
Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco, nasceu no complexo de favela da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro e tem 38 anos. É bacharel em Jornalismo e em Inglês pela Universidade Central da Carolina do Norte, bacharel-licenciada em Inglês/Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mestra em Jornalismo e em Inglês pela Universidade da Flórida A&M e mestranda em Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi também uma dos quatro brasileiros selecionados, no ano passado, para a nova edição do programa de fortalecimento de lideranças globais, o Ford Global Fellow, da Fundação Ford, para uma bolsa de conexão e apoio a potenciais novos líderes mundiais. Leia o perfil completo aqui.
Ministro dos Direitos Humanos – Silvio Almeida
Silvio Almeida é advogado, professor e Presidente do Instituto Luiz Gama, organização de direitos humanos voltada à defesa jurídica das minorias e de causas populares. Ele foi um dos escolhidos por Lula para coordenar os trabalhos no gabinete de transição responsável pela área dos Direitos Humanos. O escritor é Bacharel em Direito pelo Mackenzie e Doutor pela Universidade de São Paulo, além de professor visitante na Universidade de Duke. Leia o perfil completo aqui.
Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio – Geraldo Alckmin
Vice-presidente, Geraldo Alckmin é um dos fundadores do PSDB, partido que deixou em 2021 para se filiar ao PSD e integrar a chapa de Lula. Médico, já foi vereador, prefeito de Pindamonhangaba, deputado estadual, deputado federal, vice-governador e governador de São Paulo. Foi candidato à Presidência em 2006, quando perdeu para Lula, e em 2018, quando ficou na quarta colocação.