Um satélite decolou sexta-feira da Califórnia em uma missão para pesquisar quase todos os corpos de água na Terra, oferecendo informações importantes sobre como eles influenciam ou são afetados pelas mudanças climáticas.
O satélite Surface Water and Ocean Topography (SWOT), um projeto de bilhões de dólares desenvolvido em conjunto pela Nasa e a agência espacial francesa CNES, decolou no topo de um foguete SpaceX da Base da Força Aérea de Vandenberg.
De acordo com um comunicado da Nasa, ele começará a coletar dados científicos em cerca de seis meses após passar por verificações e calibrações.
— O SWOT nos trará um avanço revolucionário em nossa compreensão de como a água se move em nosso planeta — disse Karen Germain, diretora da Divisão de Ciências da Terra da Nasa, antes do lançamento. — Seremos capazes de ver detalhes em redemoinhos e correntes e circulação nos oceanos que nunca pudemos ver antes — acrescentou.
Ela disse que isso ajudaria a prever inundações em áreas com muita água e a administrar a água em regiões propensas à seca.
Selma Cherchali, da agência espacial francesa CNES, disse em entrevista coletiva na terça-feira que o satélite representa uma “revolução na hidrologia. Nosso objetivo é fornecer observações em escala dez vezes melhor do que a tecnologia atual”.
De uma altura de 890 quilômetros, o SWOT terá a visão mais clara dos oceanos do mundo, permitindo rastrear o aumento do nível do mar, bem como rios e lagos.
Os pesquisadores poderão obter dados de milhões de lagos, em vez dos poucos milhares atualmente visíveis do espaço.
— Sabemos que com a mudança climática o ciclo da água da Terra está se acelerando. Isso significa que alguns locais têm muita água, outros não têm o suficiente — disse Benjamin Hamlington, cientista da Nasa. — Estamos vendo mais secas extremas, inundações mais extremas, os padrões de precipitação estão mudando, tornando-se mais voláteis. Portanto, é muito importante tentarmos entender exatamente o que está acontecendo.
A missão deve durar três anos e meio, mas pode ser estendida até cinco anos ou mais, disse o chefe do projeto SWOT no CNES, Thierry Lafon.
As agências espaciais dos Estados Unidos e da França trabalham juntas na área há mais de 30 anos. Um satélite anterior desenvolvido pelos parceiros, TOPEX/Poseidon, melhorou a compreensão da circulação oceânica e seu efeito no clima global.