A vitória do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, colocou o retorno do horário de verão no radar das redes sociais.
Na quarta-feira passada (3), o ator Bruno Gagliasso publicou no Twitter um pedido para que o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, responsável por coordenar a equipe de transição para o governo Lula, incluísse em suas pautas o retorno da medida, que caiu em 2019 no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL).
Em postagem no Twitter, Bruno Gagliasso pediu ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin que incluísse em suas pautas o retorno do horário de verão — Foto: Reprodução: Twitter
O horário de verão foi instituído no Brasil durante a gestão de Getúlio Vargas, em 1931 e 1932, mas só passou a ser adotado sem interrupções a partir de 1985. A medida foi criada para aproveitar a iluminação natural nos dias mais longos para poupar energia e reduzir o risco de apagões.
A suspensão do horário de verão já era estudada no governo de Michel Temer, mas foi implantada durante a gestão de Bolsonaro.
Na época, o governo afirmou que o adiantamento anual dos relógios em uma hora perdeu “razão de ser aplicado sob o ponto de vista do setor elétrico” diante das mudanças no padrão de consumo de energia e avanço tecnológico.
Quando a suspensão foi oficializada, em abril de 2019, especialistas ouvidos pelo g1 concordaram que a economia de energia proporcionada pelo horário de verão havia deixado de ser relevante, mas se dividiam sobre a suspensão e eventual fim definitivo da medida no Brasil.
Veja, a seguir, os prós e contras para o retorno do horário de verão:
Energia
Vantagens: de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia nos últimos anos, o Brasil economizou pelo menos R$ 1,4 bilhão desde 2010 por adotar o horário de verão, em razão de uma redução média de 0,5% no consumo de energia, chegando a 4,5% no horário de pico.
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), números já divulgados, entre 2010 e 2014, o aproveitamento da luz do sol resultou em economia de R$ 835 milhões para os consumidores, principalmente devido à redução da necessidade do uso de termelétricas (de operação mais cara).
Desvantagens: Os números oficiais mostram, entretanto, que a economia no consumo de energia caiu nos últimos anos e que a medida passou a ter pouca relevância tanto para a segurança do setor de energia como na composição do preço da conta de luz. A economia gerada caiu de R$ 405 milhões em 2013 para R$ 147,5 milhões, em 2016.
“A economia gerada hoje pelo horário de verão é irrelevante. O impacto no sistema é muito pequeno”, afirmou o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da UFRJ.
Segurança
Vantagens: O especialista em infraestrutura Claudio Frischtak avalia que uma hora a mais de luminosidade reduz os riscos de “homicídios, roubos e acidentes de trânsito”.
Um estudo de 2016, realizado por pesquisadores da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), por exemplo, analisou dados de ocorrência de acidentes rodoviários entre 2007 e 2013. Segundo o estudo, nos estados em que o horário de verão era adotado, houve redução de 10% dos acidentes em rodovias federais.
Desvantagens: a segurança pública também é vista como ponto de preocupação para os trabalhadores que, durante o período, deixam suas casas ainda antes do nascer do sol.
Economia
Vantagens: entre as vantagens proporcionadas pelo horário de verão, os defensores da medida costumam citar que a hora adicional de sol estimula as pessoas a ficarem mais tempo nas ruas, com impactos positivos no trânsito, nos transportes públicos e na segurança pública.
Desvantagens: Segundo os contrários à medida, o horário de verão afeta o setor agropecuário, uma vez que o gado bovino seria sensível à mudança de horário das fazendas, afetando a produtividade leiteira.
“Se os horários mudam repentinamente, isso causa um estresse no animal. No caso da vaca de lactação, pode, inclusive, diminuir o leite”, disse José Carlos Ribeiro, da Boi Saúde, consultoria especializada em saúde bovina.
Disposição física
Vantagens: aqueles que defendem o retorno do horário de verão chamam atenção para a possiblidade fazer exercícios físicos ao fim da tarde e aproveitar melhor o espaço público.
Desvantagens: uma parte significativa da população alega transtornos em suas rotinas e alteração do relógio biológico, e pesquisas científicas sugerem que a transição pode causar problemas como falta de atenção, de memória e sono fragmentado.