Astrônomos que operam o telescópio Gemini North, no Havaí (EUA), e o satélite europeu Gaia afirmam ter descoberto o buraco negro mais próximo da Terra, a apenas 1.600 anos-luz de distância, sem oferecer risco algum ao nosso planeta.
Isso pode não parecer muito perto, já que para chegar aonde está esse novo candidato teríamos que viajar por aproximadamente 1.600 anos na velocidade da luz (algo impossível com nossa atual tecnologia), mas na escala gigantesca do Universo esse buraco negro está no nosso “quintal cósmico”, na constelação de Ophiuchus, como descreveu o comunicado do observatório.
Gaia BH1, como foi batizado o objeto, pesa 10 vezes a massa do nosso Sol e além de ser um dos nossos vizinhos mais próximos, possui uma característica curiosa: ele está bem perto de uma estrela também semelhante à nossa.
E isso é interessante porque um buraco negro é uma espécie de abismo cósmico que suga para si tudo o que se aproxima – a uma determinada distância – dele. Como a atração gravitacional desses corpos é extremamente forte, nem mesmo a luz escapa de ser atraída por esses objetos. Justamente por isso que os buracos negros têm esse nome.
Mas no caso de Gaia BH1 isso não está acontecendo. Sua estrela vizinha permanece intacta e esse buraco negro está completamente dormente e silencioso.
Por isso, identificar esse objeto não foi uma tarefa fácil. Embora existam provavelmente milhões de buracos negros vagando pela nossa Via Láctea, apenas alguns poucos foram detectados interagindo nesses sistemas estelares binários (um sistema composto por dois corpos celestes).
“Eu tenho procurado buracos negros adormecidos nos últimos quatro anos usando uma ampla variedade de conjuntos de dados e métodos”, disse astrofísico El-Badry, principal autor do artigo que descreveu a descoberta.
O grupo só conseguiu ter certeza que estava realmente observando um buraco negro depois de analisar dados da influência gravitacional do objeto sobre sua estrela vizinha, que orbita o Gaia BH1 a uma distância semelhante à da Terra em relação ao Sol.
Embora muitas detecções de sistemas como este já tinha sido feitas, quase todas essas descobertas já foram refutadas, como foi o caso de HR 6819, um candidato a apenas 1.000 anos-luz da Terra.
Como os astrônomos ainda não sabem porque a estrela companheira desse novo buraco negro sobreviveu a sua formação, eles agora querem entender como, de fato, esse sistema binário surgiu, e assim conseguir estimar quantos desses objetos adormecidos existem pelo Universo.