O jogador brasileiro Neymar afirmou nesta terça-feira (18) durante julgamento, em Barcelona, que apenas assinava os documentos que seu pai apresentava. Ele é réu em ação sobre supostas irregularidades em sua polêmica transferência do Santos ao Barcelona em 2013.
“Meu pai sempre cuidou das negociações de contrato. Eu assino o que ele pede”, afirmou Neymar ao ser questionado pela Promotoria, que o acusa de corrupção e pede dois anos de prisão para o jogador, além do pagamento de multa de 10 milhões de euros (R$ 51 milhões).
Neymar havia comparecido nesta segunda ao tribunal – onde permaneceu por duas horas ao lado do pai e da mãe, também processados -, mas tinha deixado a Corte sem depor. Ele voltou nesta terça para prestar depoimento.
O julgamento, que começou em 17 de outubro e seguirá até o dia 31, marca a etapa final de um grande imbróglio que o brasileiro enfrentou na Justiça espanhola e que causou a demissão do então presidente do Barcelona, Sandro Rossel, além do desgaste do jogador na Espanha.
A ação foi apresentada há sete anos pelo grupo DIS, fundo que possuía parte dos direitos econômicos do atleta quando ele era atacante do Santos. A DIS alega que recebeu menos do que o que deveria pela transferência, já que, segundo o grupo, o valor total do passe foi diluído em contratos fictícios.
Por isso, Neymar, que a partir de 20 de novembro vai liderar a seleção na Copa do Catar, é acusado do crime de corrupção empresarial pelo Ministério Público da Espanha.
Os advogados de Neymar alegam que o valor dos contratos extras questionados pela DIS, de cerca de 40 milhões de euros (cerca de R$ 207 milhões), correspondem a um “bônus de contratação legal e habitual no mercado do futebol”. A defesa questiona ainda se a Espanha tem competência legal para o caso – mas a Justiça espanhola aceitou a denúncia.
Ao lado do jogador do PSG também são processados seus pais, os ex-presidentes do FC Barcelona Sandro Rosell – para quem o MP solicita cinco anos de prisão por corrupção e fraude – e Josep Maria Bartomeu, assim como o ex-presidente do Santos Odílio Rodrigues Filho.
Os outros acusados são três pessoas jurídicas: FC Barcelona, Santos FC e a empresa fundada pelos pais de Neymar para administrar sua carreira.
Neymar durante julgamento em Barcelona, em 18 de outubro de 2022. — Foto: Nacho Doce/Reuters