A pastora e ex-deputada federal Flordelis foi flagrada com um celular na cela do presídio onde está detida, à espera do julgamento pelo assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo. Ela é acusada de ser a mandante do crime.
O aparelho foi encontrado no dia 11 de maio, e Flordelis admitiu que usava o telefone para conversar com o namorado.
A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap) disse que, quando foi verificada a falta disciplinar, ela foi levada para o isolamento. Mas, por recomendação médica, a punição foi suspensa. Um processo foi aberto para investigar o caso.
A defesa de Flordelis afirmou que a situação não “é bem essa”, mas que não vai se manifestar.
A ex-deputada namora o produtor artístico Allan Soares desde agosto do ano passado, pouco tempo antes de ela ser presa.
Porém, o casal se conhece há mais tempo. Em agosto de 2018, Allan postou uma foto com Flordelis e o pastor Anderson do Carmo.
“Manhã e noite de sexta-feira abençoadas com os pastores Anderson do Carmo e Flordelis”, escreveu Allan na legenda.
Depois do assassinato de Anderson, em 2019, ele continuou publicando fotos com Flordelis, de forma mais íntima. Em uma delas, eles aparecem se abraçando.
Quando ela teve o mandato cassado pela Câmara de Deputados e logo depois foi presa, eles seguiram se falando.
Processo foi aberto
A direção da unidade, que fica em Bangu, na Zona Oeste do Rio, abriu um processo para investigar como o telefone chegou até o local.
Flordelis disse para a diretora do presídio que o aparelho não era dela e que não sabia de quem era. Informou somente que outra presa jogou o celular pela grade de entrada da cela, mas que ela não sabe dizer quem foi.
Quando o celular foi apreendido, as mensagens já haviam sido apagadas.
Usar um telefone dentro da cadeia é uma falta disciplinar considerada grave. A punição, nestes casos, chega a envolver o isolamento do preso. Mas isso não aconteceu.
Convulsões
Após Flordelis afirmar que sofria de convulsões, uma orientação da médica de Bangu recomendou que ela não ficasse sozinha na cela.
O documento foi anexado ao processo. O relatório médico de agosto de 2021 diz que a paciente comunicou episódio de convulsão, que não foi presenciado por ninguém. A médica, então, orientou que ela não ficasse sozinha na cela.
A recomendação foi reforçada no dia seguinte que o celular foi encontrado. A médica disse que ratificava a orientação clínica de que a interna não permanecesse em cela desacompanhada, pelo risco de novo episódio de convulsão.
“O relatório médico está ausente de exames comprobatórios que digam se ela realmente tem esse quadro convulsivo ou não. O que tem aqui é apenas uma anotação com uma orientação médica. Uma orientação, não determinação, dizendo para ela não ficar sozinha na cela. Ao meu ver, é um meio de tentar burlar a imediata aplicação da medida que é dada a todo interno que é pego com celular na cadeia. E o que é? O isolamento na cela”, afirmou Angelo Máximo, advogado assistente de acusação.
Pedido de transferência
O advogado entrou com um pedido de transferência de Flordelis para Bangu 1, uma unidade de segurança máxima, na semana passada.
“A transferência dela é de imensa urgência, uma vez que ela já tem históricos de coação a testemunhas no curso do processo quando ela estava solta. Ninguém sabe o teor das mensagens”, disse Máximo.
O julgamento de Flordelis está marcado para o dia 7 de novembro. Além de Flordelis, serão julgados também três filhos e uma neta. Todos são acusados pela morte do pastor Anderson do Carmo, executado a tiros em junho de 2019.
Flordelis é acusada de ser a mandante. Na época, ela afirmava que o marido tinha sido vítima de um roubo seguido de morte. Ela responde por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.
A Seap disse que, quando foi verificada a falta disciplinar, Flordelis foi levada de imediato para isolamento. Mas, por recomendação médica, a punição foi suspensa. Sobre o pedido da acusação de transferência para Bangu 1, a Seap disse que isso é impossível porque a unidade de segurança máxima é masculina. E que as detentas cumprem punição de isolamento na própria unidade em que estão presas.
A defesa de Flordelis disse que a situação não é bem essa. Mas que não vai se manifestar sobre o fato em si porque, segundo a defesa, já está tudo explicado. A defesa disse ainda que Flordelis não tem nenhuma regalia no presídio e que ela é perseguida na cadeia por ser quem é.