Fátima Bezerra chegou ao cartório acompanhada do marido e de uma representante da Secretaria de Desenvolvimento Humano da Paraíba. Aos 68 anos, recebeu uma certidão de nascimento. O primeiro e único documento da vida dela. Foi reconhecida pela primeira vez.
“Graças a Deus meu documento saiu. Vou me aposentar, tirar meus documentos, tomar minhas vacinas”, declarou Fátima Bezerra.
Agora, oficialmente cidadã, Dona Fátima está cheia de planos. Hora de sair da invisibilidade e de conquistar direitos que lhe foram negados a vida toda.
O marido, o maior incentivador, também estava emocionado demais. Um dia para ficar guardado na história do casal. “Muita coisa vai ser resolvida com esse documento. Lutou tanto para chegar até aqui. Um sonho realizado”, declarou José Pereira de Lima.
Natural de Natuba, Fátima Bezerra perdeu a mãe logo cedo. E como não foi registrada, não pode estudar, nem ter direito a serviços públicos, inclusive tomar vacinas. Viveu distante de tudo que era direito. Mesmo assim, casou, foi mãe de quatro filhos e teve quatro netos e bisnetos. Agora, quer mostrar para todo mundo que existe de verdade.
O caso de Fátima chegou até Rosângela, que é coordenadora do Comitê de Erradicação do Sub-Registro e de Acesso à Documentação Básica. O Comitê faz parte da secretaria de desenvolvimento humano do estado. A luta é para convencer as autoridades, mas com todas as provas possíveis, que casos como o de Dona Fátima podem, sim, ter solução.