Um jovem de 23 anos foi preso após confessar à polícia envolvimento na morte do pai, da mãe e da irmã. O triplo homicídio aconteceu na tarde do último domingo (17) no município de Carpina, localizado na Zona da Mata Norte pernambucana, a 45 km do Recife. Mas só nesta segunda-feira (18) os corpos da família foram encontrados, carbonizados, dentro de um carro, no município vizinho, Nazaré da Mata.
Os corpos de Manoel Ferreira da Cunha, 49, Marcilene Maria Medeiros da Cunha, 56, e Thaynara Emanuelly Medeiros da Cunha, 18, estavam em uma estrada vicinal do Engenho Alcaparra. Eles foram mortos com golpes de faca e marreta.
Em depoimento à Polícia Civil de Pernambuco, Thallys Emanoel Medeiros da Cunha confessou que teria contratado uma pessoa para simular um assalto à casa da família, localizada no bairro do Cajá. Ele pretendia vender os bens dos pais para pagar uma dívida a um agiota.
A pessoa contratada, que não teve o nome divulgado, teria chegado ao local na tarde do domingo com outros quatro homens encapuzados. Durante a ação, o investigado teria levado o pai para um dos quartos da casa com a ajuda de um dos criminosos. Manoel Ferreira teria reagido à ação e acabou morto após uma marretada na cabeça e várias facadas.
Os outros homens, que estavam com a mãe e a irmã de Thallys na garagem do imóvel, também as mataram. Segundo os vizinhos, não houve barulho de tiros no local.
Após a execução, o grupo colocou os três corpos no carro da família, dirigiram até o engenho em Nazaré da Mata e incendiaram o veículo, na tentativa de dificultar o acesso a provas e a identificação dos corpos.
O advogado de Thallys, Clevison Bezerra, confirmou à reportagem a versão dele à polícia, mas reforçou que não foi o rapaz que executou a família. Segundo o defensor, ele teria apenas contratado uma pessoa para realizar o roubo.
“Inicialmente, a ideia de Thallys não era matar a família. Foi uma reação de Manoel Ferreira que desencadeou o triplo homicídio”, contou.
Clevison não soube informar se a dívida de Thallys, de cerca de R$ 2,4 mil, estaria relacionada a drogas ou se ele estaria recebendo ameaças do agiota.
“Ainda não tive acesso a todas as informações do inquérito. Na próxima quinta (21), irei até o presídio conversar melhor com ele e traçar as estratégias de defesa”, afirmou o advogado.
Em nota, a Polícia Civil contou que, após ser acionada por populares que localizaram o carro incendiado, avisaram a Polícia Militar, o Instituto de Criminalística e o IML para isolar a área, fazer a perícia no local e identificar os corpos.
Com a placa do veículo em mãos, os policiais conseguiram chegar às informações sobre as vítimas, inclusive o endereço da residência. Após autorização de um parente das vítimas, os policiais acessaram o interior da casa, onde estava Thallys. Foram encontrados lençóis e roupas queimadas, além de manchas de sangue.
Neste momento, os agentes passaram a desconfiar do rapaz de 23 anos. Ele foi levado ao local onde estava o carro e, em seguida, foi preso em flagrante delito ainda na noite desta segunda (18).
A polícia não chegou a informar se o suposto grupo que teria participado do crime foi identificado ou preso. A investigação tenta confirmar a motivação do crime e também se não teria sido o próprio suspeito o executor de seus familiares.
“As investigações seguem e mais informações não podem ser repassadas no momento para não atrapalhar o curso das diligências”, informou a corporação em nota oficial. O caso está sob a coordenação do delegado Pedro Leite da Silva Neto. Por enquanto, o investigado deve responder pelo crime de latrocínio, roubo seguido de morte.
Em nota, o Tribunal de Justiça de Pernambuco informou que, após audiência de custódia realizada pela Central de Audiências de Custódia de Nazaré da Mata, nesta terça-feira (19), Thallys Emanoel Medeiros da Cunha teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva.
Ele foi encaminhado à Penitenciária Doutor Ênio Pessoa Guerra, localizada em Limoeiro, também na Zona da Mata Norte do Estado.
No documento da decisão, o juiz Marcelo Marques Cabral entendeu que existe “prova da materialidade do delito e os indícios suficientes de autoria pressupostos para a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva”. Disse ainda que o crime é considerado doloso, com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos, mesmo que o acusado não tenha antecedentes criminais.
“O crime supostamente cometido pelo preso assim o foi com violência extrema contra a pessoa humana, aliás, contra os dois ascendentes e uma irmã do ora autuado, o que não pode ser minimizado neste momento”, justificou o magistrado na sentença.