O jogador paraibano de futebol João Guilherme Clemente da Silva, conhecido como Cabelinho, disse que foi esfaqueado pelo dirigente de futebol Anderson Salgueiro após cobrar o salário atrasado. O crime aconteceu o dia 30 de julho, antes de um treino do FF Sport, em Alagoas.
O g1 tentou entrar em contato com o clube por meio de ligação telefônica, mas até a última atualização desta notícia, não teve retorno.
O jovem, de 21 anos, explicou que o acordo era que o clube o pagasse um salário de R$ 1 mil. Após o primeiro mês, ele teria recebido apenas metade do pagamento, ou seja, R$ 500.
Antes de ser esfaqueado, ele teria se envolvido em uma discussão com o dirigente, que o impediu de treinar. Por isso, ele teria cobrado o restante do salário. Após a cobrança, Anderson teria esfaqueado João Guilherme.
“Quando ele me proibiu de ir treinar, eu desci do ônibus e cobrei meu salário. Quando eu falei assim ‘então pague meu salário porque você fez trato com um homem não com uma criança’, ele saiu correndo, pegou a faca e veio por trás de mim. O pessoal mandou eu correr, porém eu caí quando corri, aí ele me deu os golpes de faca”, relatou.
Os R$ 500 que faltavam do primeiro salário e o segundo pagamento no valor de R$ 1.000 foram feitos pelo clube após o crime, segundo informou o jogador.
De acordo com os relatos das testemunhas à polícia, a briga começou porque o jogador teria desobedecido a ordem do dirigente para que os atletas não deixassem a pousada na noite anterior ao crime, já que deveriam estar concentrados para treinar na manhã seguinte.
“A ordem foi ignorada pelo João Guilherme [Cabelinho], que foi para um show. De manhã, Anderson mandou João Guilherme [Cabelinho] descer do ônibus que iria para o treinamento. Após essa ordem, o atleta ficou com ironia e o dirigente perdeu a cabeça e partiu para agressão”, explicou o chefe de operações do 23º Distrito Policial de Pilar, Wilson Vasconcelos.
Jogador João Guilherme, conhecido como Cabelinho, foi socorrido para o HGE após ser esfaqueado em Pilar, Alagoas — Foto: Reprodução/Instagram
Jogador diz que não recebeu assistência do clube e ainda não voltou a um cirurgião
Cabelinho passou por uma cirurgia na região do tórax depois que foi esfaqueado. Após receber alta do hospital onde foi atendido em Alagoas, ele voltou para a casa da família em Mogeiro, na Paraíba, onde mora com a mãe e mais dois irmãos.
Desde então, fora o salário, o jogador disse que não recebeu assistência do clube. Como o valor foi usado com despesas médicas e alimentação básica, ainda não conseguiu voltar a um cirurgião para revisar o procedimento pelo qual passou. Foi apenas a uma unidade básica de saúde, onde reclamou da dor que sente. O time também não deu suporte financeiro para a compra dos medicamentos.
“Estou me recuperando lentamente. Faz alguns dias que não durmo de tanta dor na coluna”, contou com a voz fraca e ainda debilitado.
O atleta espera conseguir uma consulta com um cirurgião que atenda pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para prosseguir com o tratamento. Ele disse também que deve passar pelo menos seis meses longe dos gramados.
Polícia divulga foto do gerente de futebol Anderson Salgueiro, suspeito de esfaquear o jogador João Gulherme, do FF Sport, clube do Pilar, AL — Foto: Divulgação/Polícia Civil
Gerente de futebol que esfaqueou jogador se entrega à polícia e é preso
O gerente de futebol Anderson Salgueiro se entregou à polícia na Delegacia de Pilar, cidade em que aconteceu o crime. Ele era considerado foragido e tinha dois mandados de prisão em aberto.
“Ele confessa ter praticado a tentativa de homicídio e alega que praticou em virtude de o Cabelinho ter jogado um copo de café no rosto dele e ter informado que ele teria que pagar. Ele entendeu que isso seria uma ameaça, foi até a cozinha, pegou uma faca e efetuou golpes contra o Cabelinho”, disse ao g1 o delegado Ronilson Medeiros, responsável pelas investigações.
O dirigente ainda será ouvido formalmente no inquérito. O delegado disse ainda que, além do mandado de prisão pela tentativa de homicídio, existe um outro mandado em aberto contra ele de um roubo praticado em Pernambuco.
Após o depoimento, Salgueiro foi encaminhado para a Central de Flagrantes e depois para o sistema prisional.