Não é novidade que a participação de evangélicos na política tem sido cada vez mais intensa e engajada. Em 2022, essa é uma realidade evidente. O objetivo principal é a eleição de representantes que façam a defesa, no parlamento, de pautas consideradas cristãs e conservadoras, temas por muito tempo alijados do debate público.
Nesse contexto, alguns dos principais nomes da comunidade evangélica paraibana já começaram a se posicionar para as eleições de outubro, com declarações públicas de apoio ou sinalizações mais discretas sobre ‘qual caminho a seguir’. A ideia é orientar a membresia, com base em princípios bíblicos, sobre o voto.
Para o Bispo Edgar Moreira, da Igreja Sara Nossa Terra, em João Pessoa, é correta a iniciativa desse público em tomar posição nas discussões políticas. “Porque ainda que seja cristão, ele é parte integrante da sociedade como um todo, e, se ele se eximir desta área tão importante da vida que é a política, corre o risco de ter que se submeter a leis injustas e incoerentes com sua crença e fé”, declarou ao blog Agenda Política.
O líder religioso tem uma receita para os cristãos sobre “o caminho” na hora do voto. Segundo ele, devem ser escolhidos nas urnas “aqueles que defendem os princípios judaico-cristãos, que são os princípios que demonstram ter maior justiça numa sociedade tão carente de pessoas dignas, honestas e tementes a Deus. Aqueles que defendem: Deus, Família, Pátria e Liberdade”, defendeu.
Declarações de apoio
Nesse sentido, líderes religiosos da Paraíba já começaram a se posicionar quanto às eleições deste ano. Este é o caso, por exemplo, do pastor da Primeira Igreja Batista de João Pessoa, Estevam Fernandes, que recentemente, em vídeo gravado e divulgado nas redes sociais, “assinou embaixo” das pré-candidaturas da vereadora Eliza Virgínia (PP) para a Câmara dos Deputados e do pastor Sérgio Queiroz (PRTB) para o Senado.
Nesses vídeos, o líder religioso disse que as postulações dos dois têm seu aval e confiança. Fernandes é um dos principais influenciadores evangélicos do estado e do país. “Pra mudar a história, pra fazer uma nova história, assino embaixo e vale à pena”, declarou em relação a Sérgio Queiroz.
O pastor Jean Kleber, da Igreja Batista do Miramar, também já se posicionou perante sua igreja. Conservador e eleitor do presidente Jair Bolsonaro (PL), também sinalizou apoio ao pré-candidato Sérgio Queiroz (PRTB) e à vereadora Eliza Virgínia (PP). Os três apareceram em uma foto, juntos, recentemente, após um culto realizado na sede da denominação cristã, em João Pessoa.
Mais comedido é o presidente da Assembleia de Deus na Paraíba (ADPB), José Carlos de Lima (ADPB), porém não menos decidido a influenciar o voto evangélico. Ele é o segundo vice-presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (AGDB) e tem participado de reuniões, nos bastidores, com pré-candidatos ligados à sua denominação, direcionando orações e sinalizando seu apoio, embora não o faça de forma explícita.
O filho do pastor José Carlos de Lima, Isaac Venerando, é segundo suplente na chapa de Bruno Roberto (PL), pré-candidato ao Senado apoiado por Jair Bolsonaro no estado. A filha do pastor, Lucinha Lima (PSD), é pré-candidata a deputada estadual e faz dobradinha com Eliza Virgínia (PP), postulante à Câmara Federal.
Em abril deste ano, o líder pentecostal participou, no Palácio do Planalto, em Brasília, de um café da manhã com o presidente Jair Bolsonaro. Também esteve presente a primeira-dama, Michelle, e a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.
Disputa por votos
Como o blog já mostrou, segundo o último censo do IBGE, realizado ainda em 2010, eram mais de 571.015 evangélicos no estado, o que ajuda a explicar a ascenção desse grupo em espaços cada vez mais amplos. Somente da Assembleia, eram mais de 200 mil membros naquela época. O desafio, agora, é eleger um número maior de representantes no próximo pleito.
De que forma o evangélico vai se posicionar em outubro?, questionou o blog ao bispo Edgar, da Igreja Sara Nossa Terra. “Cumprindo seu dever cívico como cidadão que é, votando, e escolhendo com muito critério os seus candidatos, especialmente aqueles de quem se conhece sua vida pregressa e que defenda os valores judaico-cristãos, como: Deus, Família, Pátria e Liberdade”, respondeu.