Foi esse estudante, portanto, quem primeiro teria percebido uma recorrência, um padrão no comportamento do professor com as estudantes. Todas, segundo consta na denúncia, entre 14 e 17 anos de idade.
O jovem comenta ainda que muitas começaram a apresentar desempenho escolar ruim e crise de ansiedade crescente. Algumas teriam deixado o IFPB por não suportarem a pressão. Outras, segundo ele coagidas pelo professor, se afastaram do garoto.
“Eu queria que isso mudasse e comecei a juntar provas. Ele se envolvia com várias meninas do campus e sempre começava curtindo mensagens nas redes sociais, puxando papo e demonstrando interesse. Eu achei muito revoltante o que vinha acontecendo e ninguém tomava atitude”, descreve.
O estudante questiona também a informação repassada na quarta-feira (6) pelo IFPB de que, em 2019, nenhum procedimento administrativo foi aberto contra o professor apenas porque nenhuma denúncia foi formalizada. O estudante, contudo, diz que ele e outros estudantes conversaram diretamente com o reitor Cícero Nicácio, pouco depois de um evento chamado de Reitoria Itinerante, ocorrida em 25 de maio daquele ano, e que já na ocasião foram apresentados vários “prints” de conversas que mostrariam o assédio sexual recorrente. E que, mesmo assim, nada foi feito.
“Ele (o reitor) ficou abismado com o que estava vendo e disse que ia tomar medidas. Mas nenhuma providência foi tomada. Em nenhum momento eu fui orientado pela Reitoria de que uma denúncia formal era necessária para um caso como aquele. Ficou a palavra deles de que previdências seriam tomadas e eu acreditei”, resume.
O professor Antônio Isaac Luna de Lacerda é alvo de investigação pela Polícia Federal (PF) na Paraíba e pelo Ministério Público Federal (MPF) com o objetivo de analisar denúncias de que ele teria assediado e mantido relações sexuais com uma série de estudantes menores de 18 anos.
Todo o caso segue em sigilo por envolver pessoas menores de 18 anos e nem a PF nem o MPF se pronunciam sobre a tramitação das investigações
O MPF, no entanto, confirma que há uma investigação criminal em curso para investigar o professor, mas que só vai se manifestar quando ela for finalizada. O IFPB, por sua vez, também confirma as denúncias e explica que vem realizando um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e que enquanto esse durar Isaac Luna seguirá suspenso de suas funções.