Uma jovem grávida, de 20 anos, foi carregada pelo irmão até um helicóptero de resgate após ser picada por uma cobra jararaca na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O caso aconteceu nesta quarta-feira (30). Os dois vivem na região da Comunidade Yaritobi, e o rapaz precisou andar por cerca de duas horas até o local de pouso da aeronave (assista o momento acima).
A informação foi divulgada em uma rede social pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami. Segundo ele, a jovem está grávida de aproximadamente três meses. Não há posto de saúde na comunidade que a indígena vive.
“Isso é Saúde Indígena. Essa é a realidade dos Povos Yanomami. Realidade também dos Profissionais que desempenham um papel importantíssimo nas Comunidades”, comentou Hekurari na rede social.
Em um vídeo enviado ao g1, é possível ver o momento em que o irmão chega ao local. Hekurari explica que o rapaz usou um pedaço de cipó apoiado na cabeça, para conseguir distribuir o peso da irmã e carregá-la nas costas durante todo o trajeto.
A jovem já está estável e se recuperando no Polo-Base Surucucu, conforme Hekurari. Somente daqui alguns dias, quando ela puder andar, será levada de volta à sua região.
“A paciente está estável e a gestação está no início, mas ela recebeu o soro antiofídico e está sendo observada pela equipe do posto de saúde”, explicou Hekurari.
O caso da jovem grávida picada por uma cobra não é isolado na Terra Yanomami. Outro indígena, de 23 anos, foi resgatado por um helicóptero após ser picado por uma cobra jararaca na comunidade de Xokori. O paciente foi carregado por outros indígenas em um pano vermelho.
Indígenas levando jovem picado por jararaca para helicoptero na Terra Yanomami — Foto: Divulgação/Condisi-YY
O presidente do Condisi-YY relatou que, somente no mês de março, ocorreram seis resgates por picada de cobra no Polo-Base Surucucu, sendo que um morreu e outro precisou ser removido para Boa Vista devido a gravidade do caso.
Acidentes com picadas de cobras peçonhentas são umas das maiores ocorrências atendidas na Terra Yanomami, ao lado de casos de malária, desnutrição, verminose, pneumonia e Covid.