A artesã Silvana Pilipenko, paraibana que estava desaparecida na Ucrânia, está a caminho da Rússia com um motorista particular contratado pelo filho dela, o engenheiro naval, Gabriel Pilipenko. Segundo a irmã da artesã, Mere Vicente, Silvana, o marido e a sogra foram localizados nesta terça-feira (29) pela manhã e estão saindo da Ucrânia em direção à Criméia.
O filho de Silvana, Gabriel Pilipenko, informou ao g1 que Silvana e a família estava em casa, em Mariupol. O engenheiro explicou também que o Itamaraty está ajudando em todo o processo, especialmente funcionário André Mourão, da embaixada Brasileira na Ucrânia“Eu achei o transporte, eles me ajudaram com as despesas, com a travessia entre as fronteiras e futuramente com a tirada da minha família da Rússia de volta ao Brasil”, disse Gabriel.
Ainda conforme a irmã de Silvana, ela falou no telefone rapidamente com Gabriel e disse que estava bem, mas o sinal do telefone estava muito ruim e não deu pra falar muito bem, nem dar detalhes. Ela não se comunicava com a família desde o dia 3 de março.
“A única certeza que a gente sabe é que ela está viva“, disse.
Gabriel Pilipenko estava a trabalho em Taiwan e tentou entrar na Ucrânia para procurar por notícias da mãe. Porém, mudou de ideia ao chegar na Alemanha e ver que a situação se mostrava muito perigosa. Desde então, ele estava na Alemanha tentando contato com a mãe.
Procurado pelo g1, o Itamaraty ainda não respondeu até a última atualização dessa matéria sobre o que tem sido feito para auxiliar a brasileira.
Já a Secretaria da Representação Institucional do Estado da Paraíba disse que o contato com o Gabriel começou há pouco mais de 10 dias e assim conseguiram encontrar o endereço onde ela se encontrava.
“A SERI permanece em contato com os familiares da paraibana, até que ela chegue ao seu destino em segurança”, informou.
Entenda o caso
Silvana Pilipenko, de 54 anos, havia falado pela última vez com a família no dia 3 de março, quando disse que a cidade estava começando a ser atacada e sofria com quedas de energia. No dia anterior, um vídeo com notícias foi enviado à família (veja abaixo).
Em último vídeo enviado a parentes, paraibana desaparecida na Ucrânia falou sobre situação
No vídeo, a paraibana disse que a cidade de Mariupol estava cercada e, por isso, não havia como sair de lá.
“A cidade está cercada pelas forças armadas, todas as saídas estão minadas, então é impossível tentar sair daqui nesse momento. Basicamente Mariupol faz fronteira com a Rússia, o país atacante, então não podemos seguir nessa direção. Se fôssemos para outra direção, no sentido Polônia ou Hungria, teríamos que atravessar todo território, o que não seria viável diante das circunstâncias e da distância”, explico.
Ela também alertou que a comunicação poderia ser dificultada pela falta de energia elétrica.
A artesã paraibana Silvana Pilipenko e Vasyl Pilipenko, seu marido, em foto antiga — Foto: Arquivo Pessoal
Segundo a sobrinha de Silvana, Beatriz Vicente, o governo brasileiro só informa que há um grupo em um aplicativo de mensagem para que os brasileiros possam entrar em contato e, desse modo, pegar um trem para tirá-los da Ucrânia pela Polônia e, depois, pegar um voo para o Brasil. Mas os cidadãos brasileiros precisam de internet para conseguir entrar em contato. Não há uma equipe específica dentro do país para retirar os brasileiros
O Itamaraty, por sua vez, enviou uma nota à imprensa informando que tem conhecimento do caso e que, por meio do escritório de apoio em Lviv, tem mantido contato regular com familiares de Silvana.
A nota diz ainda que organizações internacionais de apoio humanitário presentes em Mariupol já foram acionadas com vistas a tentar localizar a cidadã brasileira.