O primeiro meteorito da Paraíba foi encontrado na cidade de Nova OIinda, no Sertão do Estado. A rocha espacial já foi analisada, classificada, e recebeu o nome de meteorito Nova Olinda, em referência à cidade onde foi encontrada. Esta é uma grande notícia para a Paraíba. É a primeira vez que um meteorito é achado no Estado, mas infelizmente, até o momento, conhecemos mais sobre o passado dessa rocha com 4,5 bilhões de anos, do que do seu futuro próximo. Há cerca de 4 meses a Associação Paraibana de Astronomia de Astronomia vem tentando contato com o Governo Estadual para tentar garantir que o meteorito Nova Olinda permaneça no Estado, entretanto, até o momento, vem sendo ignorada.
História
O Nova Olinda é um meteorito metálico, encontrado pelos irmãos Edsom Oliveira da Silva e João Jarba Oliveira da Silva em 2014. Na época, João Jarba e Edsom, mais conhecido como Roma Edsom, procuravam por ouro com um detector de metais, numa fazenda da zona rural do município de Nova Olinda. Em um determinado local, próximo a um lago, o detector disparou acusando que havia algo grande por lá. Roma e João cavaram o local com uma picareta e rapidamente desenterraram a rocha.
Ela era realmente uma rocha grande e muito pesada, com cerca de 28 Kg e diferente de outras encontradas na região. Infelizmente, não era ouro, mas tinha uma forma tão peculiar que Roma Edsom a levou para casa, onde ela ficou enfeitando sua mesa de jantar.
Por 5 anos, o primeiro meteorito encontrado na Paraíba serviu de adorno para a mesa de jantar de Roma Edsom. E estaria lá até hoje, não fosse a queda de um outra rocha espacial em Santa Filomena, Pernambuco. Com a repercussão que o meteorito de Santa Filomena ganhou na mídia, Roma percebeu que sua rocha, encontrada 5 anos antes, também poderia ser um meteorito. Depois de algumas pesquisas na internet, entrou em contato com André Moutinho, pesquisador e colecionador de meteoritos.
Moutinho orientou Roma a realizar os primeiros testes e, com a possibilidade de ser realmente uma rocha espacial, uma amostra foi retirada e enviada para São Paulo, onde André Moutinho confirmou que se tratava de um meteorito. A partir de então, entrou em contato com pesquisadores para a realização das análises física, química e petrográfica para classificação do meteorito.
Análise e classificação
As análises do meteorito encontrado na Paraíba foram feitas através de uma parceria entre pesquisadores da Universidade de Alberta (Canadá) e um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e que também incluiu André Moutinho. Esta foi apenas a segunda vez que um meteorito metálico é classificado a partir de análises químicas feitas no Brasil. A primeira foi a do meteorito Conceição do Tocantins, que também foi oficializado esse ano pela Meteoritical Society.
O meteorito Nova Olinda é um meteorito metálico, composto basicamente por ferro e níquel, além de outros materiais em menor concentração. Ele foi classificado como um octaedrito IIAB. Os meteoritos IIAB têm a menor concentração de níquel entre os meteoritos metálicos.
Meteoritos como o Nova Olinda, se formaram no núcleo metálico de seu corpo parental que, provavelmente, foi um protoplaneta destruído por um violento impacto.
De acordo com análise dos isótopos de meteoritos semelhantes, o impacto que teria lançado no espaço fragmentos desse núcleo protoplanetário, teria ocorrido a cerca 4,5 bilhões de anos, ou seja, no período de formação do Sistema Solar. Desde então, estes fragmentos vagam pelo Sistema Solar na forma de pequenos asteroides e meteoroides e, eventualmente, alguns deles atingem a Terra
Ainda não se sabe há quanto tempo o meteorito Nova Olinda teria caído na Terra. Mas devido ao intemperismo observado nele, é provável que isso tenha ocorrido há alguns milhares de anos, e ele tenha permanecido enterrado por todo esse tempo, até ser encontrado pelos irmãos Roma Edsom e João Jarba.
Descaso do Governo com o primeiro meteorito da Paraíba
Todo o processo, desde a suspeita inicial até a aprovação oficial do meteorito Nova Olinda pela Meteoritical Society, foi mantido em sigilo por Roma Edsom, André Moutinho e pelos pesquisadores envolvidos. Entretanto, em novembro de 2021, depois que foram realizadas as análises que comprovavam a origem espacial da rocha, e pouco antes de sua submissão à Meteoritical Socierty, Moutinho entrou em contato com a APA, a Associação Paraibana de Astronomia para tentar garantir que o meteorito ficasse no Estado.
Ciente da importância histórica que esse achado representava para a Paraíba, a APA prontamente preparou um ofício e encaminhou para a Secretaria de Estado da Educação Ciência e Tecnologia, solicitando uma audiência com o secretário. Mas infelizmente, mesmo depois de cobrar retorno tanto por email quanto por telefone, passaram-se 4 meses e até hoje não houve nenhuma resposta. Nem sequer o agendamento da audiência.
A proposta da APA era que o Governo do Estado comprasse o meteorito e preparasse uma exposição permanente no Hall do Planetário do Espaço Cultural José Lins do Rêgo, em João Pessoa, juntamente com painéis contando a história do Nova Olinda e a importância do estudo dessas rochas espaciais para a ciência.
O Planetário do Espaço Cultural já é um importante equipamento para o ensino e para a popularização da ciência no Estado. Se pudesse contar também o primeiro meteorito da Paraíba em exposição, permitiria aos visitantes do Planetário que tivessem uma experiência única, o contato com algo vindo do espaço e que se formou a 4,5 bilhões de anos.
Apesar de ter um valor inestimável para o Estado por ser o primeiro encontrado na Paraíba, comercialmente, o meteorito encontrado por Roma Edsom e João Jarba não é muito valioso, por ser um meteorito metálico encontrado com já com muitas marcas de intemperismo. Por isso, o investimento necessário para executar essa ideia foi estimado em torno de R$ 50 mil, incluindo a compra do meteorito.
Aparentemente não é um investimento muito elevado para o Governo do Estado, mas agora, com o anúncio do mais novo meteorito brasileiro e primeiro do Estado da Paraíba, devem surgir novas propostas de compra. Apesar do proprietário da peça, o Sr. Roma Edsom, preferir que o meteorito permaneça na Paraíba, é bem provável que ele acabe sendo vendido para outro estado ou, até mesmo, para fora do país.
Ainda na tentativa de evitar que a Paraíba acabe perdendo seu primeiro meteorito, a Associação Paraibana de Astronomia busca doadores que possam contribuir com a causa e estuda criar uma vakinha para tentar arrecadar o valor necessário para comprar o meteorito Nova Olinda, e garantir que ele seja destinado para a educação e para a divulgação da ciência na Paraíba.