A menina de Marília (SP) que tem a “coluna em S” passou, na quinta-feira (10), por uma cirurgia de correção da curvatura, que já havia ultrapassado os 100 graus desde a primeira consulta médica. Agatha Rebeca Maestrello, de 12 anos, foi diagnosticada com Escoliose Idiopática e, para pagar a cirurgia, a mãe começou a vender bolos.
Ana Patrícia Maestrello, de 35 anos, contou ao g1 que a cirurgia ocorreu após o médico ortopedista e cirurgião de coluna do Hospital Albert Einstein Luciano Miller ter se disponibilizado a realizá-la de forma gratuita.
“É uma mistura de sentimentos: ao mesmo tempo que estamos felizes pela conquista, é angustiante entregar nossa filha em um centro cirúrgico. Já a Agatha está muito feliz. Ela fala que não via o momento de estar operada e retinha”, comemora. Estamos muito confiantes, embora seja tudo novo para nós. Mas vamos vencer esta batalha”, celebra.
Agatha Rebeca Maestrello, de 12 anos, indo ao centro cirúrgico para correção da curvatura da coluna que já ultrapassava 100 graus — Foto: Ana Patrícia Maestrello /Arquivo Pessoal
Em entrevista ao g1, o médico que operou a menina explicou que esta é uma cirurgia de risco, complexa e difícil, já que, para a correção da deformidade, foi necessária a colocação de pinos. O processo completo dura de seis a oito horas e utiliza anestesia geral.
Ao mesmo tempo, Luciano diz que não era possível que a coluna de Agatha permanecesse dessa forma. Afinal, a curvatura já comprimia órgãos e tendia a aumentar.
“É uma das cirurgias mais complexas e delicadas no ramo da ortopedia. Nesses casos, é melhor operar o quanto antes. Isso porque a tendência é que a deformidade aumente e a cirurgia fique ainda mais complexa”, comenta.
Agatha Rebeca Maestrello, de 12 anos, foi diagnosticada com Escoliose Idiopática; curvatura já progrediu de 75 para 101 graus — Foto: Ana Patrícia Maestrello/Arquivo pessoal
Valor arrecadado
De acordo com Ana Patrícia, Agatha passou por atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo (SP), onde foi apontado o prazo de cinco a dez anos na fila de espera para a operação.
Segundo Luciano, uma pesquisa realizada por ele concluiu que o tempo na fila para a cirurgia ortopédica no Brasil é diretamente proporcional ao custo e à complexidade da operação para o cirurgião.
Por isso, para a mãe, a cirurgia sem custos proporcionada com a ajuda do médico foi de suma importância. A dona de casa lutava pela arrecadação do valor para pagar a cirurgia, que chegou a R$ 250 mil em São Paulo pelo grau da curvatura, desde a última semana de agosto de 2021.