Para Arthur, ainda faltam esforços do restante do mundo para integrar todas as pessoas à sociedade. “Eu quero ser um psiquiatra para ser alguém que vai entender as pessoas autistas e para explicar para pais e familiares a importância de se esforçar para entendê-los também. É difícil fazer parte de um grupo que, por ser diferente da maior parte das pessoas, não é compreendido. Eu quero ser uma figura que oferece compreensão. Muito do preconceito que as pessoas têm é porque elas não entendem as nossas diferenças”, conta.
Ao longo da infância e adolescência, Arthur afirma que ouvia que não seria capaz de realizar o sonho de ser médico. Além disso, ele sabia que vestibulares muitas vezes não são um sistema que pensa na inclusão. “As perguntas dependem muito de concentração, às vezes não são diretas. Fora as sobrecargas sensoriais que você é exposto no dia da prova, como a intensidade da luz da sala, o barulho de fora do prédio. Mas fui estudando e tentando simular a experiência do vestibular no meu quarto, para me adaptar um pouco melhor”, relata.“Quando vi o resultado, até achei que estava errado. Mas depois de um tempo, vi que fazia sentido. Era o resultado de todo esforço que tive até aqui. Fiquei eufórico, contei para os meus pais. Um dos momentos que mais me senti realizado. Tenho potencial para ser psiquiatra e mudar essa área por dentro”, diz o jovem.
Segundo ele, a aprovação no curso de medicina no campus Guarujá da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) já inspira o irmão três anos mais novo. “Se eu consegui, ele também conseguirá. Ele está super confiante agora, se preparando para o vestibular também”, afirma.
As aulas já tiveram início nesta semana e agora Arthur tenta conseguir uma bolsa para arcar com algumas despesas, já que o campus não fica no município onde mora e a universidade é particular.