Theresa Rose resolveu presentear o marido com um ménage à trois, como forma de celebrar o aniversário do parceiro, em 2020. O casal teve a experiência sexual com uma terceira pessoa, uma mulher, e Rose não podia imaginar que tudo mudaria depois disso: ela pediu o divórcio algumas semanas após o sexo a três e, passado mais algum tempo, se viu namorando uma mulher, desfecho que a fez se sentir livre, segundo descreveu ao The New York Post.
Apesar de Rose ter tomado a iniciativa de procurar o ménage, aquilo foi uma novidade para ela, pois, até então, jamais havia se relacionado com uma mulher. “Viver essa interação íntima com uma mulher pela primeira vez, a profundidade física e emocional, foi tão intenso. Eu fiquei tipo: ‘Meu deus, isso é o que estava faltando na minha vida'”, contou ela.
Theresa já tinha interesse por mulheres, mas disse que só depois do ménage entendeu melhor seus sentimentosImagem: Reprodução/Instagram
A princípio, todos os sentimentos pareceram um pouco conflitantes, ainda mais na mente de uma pessoa criada por uma família católica conservadora, em Orange County, na Califórnia, e que ouvia que “gays vão para o inferno”. Ela diz que talvez por isso, quando mais nova, não tenha parado para analisar que as paixões que nutria por mulheres famosas, como a cantora Pink e as atrizes Megan Fox, Carmen Electra e Jessica Alba, fossem mais do que uma admiração.
“Depois de estar com aquela mulher, eu disse para mim mesmo: ‘É por isso que eu tenho estado tão infeliz com meu casamento. Meu relacionamento com meu marido, emocionalmente, parecia tão superficial e solitário comparado a minha conexão com a mulher'”, disse. “Me sinto tão livre, finalmente vivendo autenticamente.”
Pessoas que descobrem, ou aceitam, o interesse por pessoas do mesmo gênero em fases mais avançadas da vida sempre existiram. No caso específico das mulheres, há estudos sobre o assunto que indicam uma forte tendência que isso aconteça, com muitas delas tendo maior adaptação à fluidez sexual.
“Muitas mulheres têm uma ampla capacidade para diversas formas de desejo sexual – para múltiplos parceiros, parceiros do mesmo sexo, etc. – do que elas mesmas podem imaginar”, explicou Lisa Diamond, pesquisadora de fluidez sexual da Universidade de Utah. “Como mulheres, somos criadas presumindo que somos heterossexuais e ensinadas a procurar o parceiro certo.”
Mesmo se tratando de algo recorrente na história da humanidade, deixar um relacionamento heterossexual para assumir um romance gay ainda é uma decisão de muito peso, independente de a sociedade ter evoluído em algumas questões LGBTQIA+..
Rose é um exemplo disso, pois foi exposta aos familiares pelo marido, mergulhado em ódio, e perdeu a relação com os pais. “Depois que eu contei ao meu marido sobre os meus sentimentos, depois da experiência com a mulher, ele ficou bastante nervoso. Ele contou para meus pais muito conservadores, nossos amigos e para nosso grupo de estudos bíblicos”, contou.
Então, enquanto lidava com suas questões sexuais, Rose sentiu impulsos suicidas, sofrendo com a reação que tiveram aqueles que ela amava. Na mesma época, contudo, conheceu Jacqui, sua atual namorada, que a ajudou a passar pelo momento difícil. As duas moram juntas em Portland e criam os dois filhos pequenos de Rose.
O movimento feito por Rose vem sendo feito por outras mulheres, inclusive algumas conhecidas, como Glennon Doyle, autora do best-seller “Indomável”, lançado em 2020, no qual conta como deixou o marido para ficar com a ex-jogadora de futebol Abby Wambach, estrela do esporte nos EUA.
“Não é como se essas mulheres de repente se tornassem gays ou bissexuais”, explica Diamond. “Elas podem sempre ter tido capacidade para relacionamentos com o mesmo sexo, mas podem nunca ter tido a oportunidade de se perguntar se isso era uma possibilidade para elas”. Satisfeita por ter se dado a oportunidade, Theresa Rose ainda lida com as dores do abandono familiar, mas cortou as relações com o catolicismo e hoje é ateia. No TikTok, oferece apoio a mais 132 mil lésbicas que ” se descobriram tardiamente”, em seu perfil @Raising2Activists.