RIO — Uma mulher suspeita de envenenar dois companheiros foi presa nesta quarta-feira por policiais da 105ª DP (Petrópolis). Guilhermina Quintana Rodrigues estava em casa no bairro Alto da Serra, em Petrópolis. Contra ela, havia um mandado de prisão preventiva em aberto por tentativa de homicídio. Um dos homens sobreviveu. O outro acabou morrendo. Ela também é suspeita de matar uma colega de trabalho após dopá-la para furtar dinheiro, cartões e cheques.
Um dos casos ocorreu em 18 de agosto de 2019. Marcos Paulo da Silva Rodrigues, que tinha um relacionamento com Guilhermina, foi levado para a UPA do Centro de Petrópolis desacordado e em estado grave. Segundo as investigações, o médico que atendeu Marcos Paulo relatou a uma amiga da vítima que ele havia ingerido grande quantidade de algum medicamento tranquilizante. A mulher disse ainda que amigos e familiares de Marcos já estavam desconfiados disso.
Em seu depoimento, Marcos disse que acreditava estar sendo dopado por Guilhermina, uma vez que, após o início do relacionamento, seu salário foi retirado da conta. Além disso, ele observou compras em seu cartão de crédito que não reconhecia. Ele disse acreditar que vinha sendo “apagado” para que ela usasse os seus cartões bancários.
Para os investigadores, não há dúvidas de que Guilhermina tenha dopado a vítima. Ela já era investigada em outros dois inquéritos por fazer o mesmo com um ex-companheiro e uma colega de trabalho, que morreram.
Arcaire, Sônia e Marcos Paulo foram vítimas de Guilhermina Foto: Reprodução
Medicamentos para esquizofrenia a companheiro saudável
Em um desses casos, Aicarde Pravitz, de 64 anos, morreu após alguns episódios de internação em unidades de saúde de Petrópolis. A vítima se relacionou por cinco anos com a mulher e teve uma filha. Após a morte suspeita de Aircarde, foi constatado que havia presença da quetiapina em suas vísceras. A substância é usada no tratamento de esquizofrenia e bipolaridade, entre outros. Ele não tinha qualquer problema de saúde que justificasse o uso do medicamento.
De acordo com familiares de Aicarde, a própria vítima já tinha relatado suspeitas de que ele estivesse sendo dopado. Por isso, todos os alimentos oferecidos a ele, a vítima sugeria que a filha provasse também, com o objetivo de inibir que ela continuasse com fazendo isso. Os parentes disseram à polícia que notaram uma mudança de comportamento do homem após o início do relacionamento, passando a apresentar sonolência, fala arrastada e desorientação frequente.
O inquérito sobre Arcaide será concluído nas próximas semanas.
Envenenamento no suco de laranja
No outro inquérito, Guilhermina já foi indiciada por homicídio e teve a prisão preventiva pedida à Justiça. A mulher é acusada de matar, com excesso de tranquilizante, Sônia Maria de Aguiar Gomes dos Santos, uma colega de trabalho. Ambas trabalhavam no posto de saúde da Mosela, em Petrópolis, assim como Aicarde. Em um dos episódios, em novembro de 2014, Sônia teve um mal súbito e perdeu a consciência após ter bebido um suco oferecido por Guilhermina. A vítima foi encontrada desacordada no terminal rodoviário de Petrópolis.
Guilhermina ligou para uma parente de Sônia afirmando que a tinham roubado. Pouco tempo depois, foram constatadas três transferências bancárias realizadas da conta de Sônia para a de Guilhermina.
Sônia chegou a prestar depoimento e relatou que estava desconfiada de Guilhermina após o episódio em que a acusada lhe ofereceu o suco de laranja e ela ficou desacordada. Sônia afirmou ainda que já vinha sendo furtada dentro do próprio posto de saúde, mas que até então não tinha desconfiado do comportamento de Guilhermina.
No dia de sua morte, em 12 de fevereiro de 2015, Sônia deu entrada no Hospital Nelson de Sá Earp, em Petrópolis, com quadro de grande estresse emocional, ansiedade e chorosa. Para a polícia, o quadro da vítima era compatível com os efeitos colaterais de tranquilizantes. Em busca e apreensão realizada na casa de Guilhermina, após o episódio mais recente, os policiais encontraram 60 comprimidos de clonazepam e 30 de cloridato de fluoxetina, medicamentos controlados compatíveis com aqueles que vinham sendo usados para dopar Marcos Paulo.