SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — Renan Lodi não foi convocado para as próximas partidas da seleção brasileira para as Eliminatórias da Copa do Mundo por não estar com a imunização completa contra a Covid-19. O lateral esquerdo de 23 anos tomou apenas a primeira dose da vacina de combate ao novo coronavírus e ficou fora da lista divulgada nesta quinta-feira (13).
“O que posso antecipar é que o Renan Lodi esteve alijado da possibilidade de convocação em função da sua não vacinação. Essa informação foi passada. Então, ele perdeu a possibilidade de concorrer em função de não ter se vacinado”, afirmou o técnico Tite, que em seguida fez um discurso em prol da imunização.
“Eu, particularmente, entendo que a vacinação seja uma responsabilidade social. Ela é minha e com pessoa que está do lado. Eu trago essa responsabilidade comigo. Eu e minha família. Eu e as pessoas com as quais tenho responsabilidade. Eu e meus netos. Queria ter com meus pais, não os tenho, mas queria ter a oportunidade de protegê-los”, disse.
Auxiliar de Tite na comissão técnica da seleção, César Sampaio esclareceu que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não exige vacinação dos jogadores. A questão, disse ele, é logística, e, com apenas uma dose, Renan Lodi não poderia circular livremente pela América do Sul para os compromissos do time.
“Nós respeitamos. Temos nossa opinião, mas não obrigamos nenhum atleta a se vacinar”, afirmou Sampaio. “O Renan Lodi não poderia entrar no Equador. Aqui no Brasil, também tem restrições. O Renan Lodi teve a primeira dose agora no dia 10. Então, não estaria apto, pelas regras sanitárias dos países, a adentrar com a delegação”, acrescentou o coordenador da seleção, Juninho Paulista.
O Brasil vai enfrentar o Equador, em Quito, no dia 27 de janeiro. A partida seguinte está marcada para 1º de fevereiro, contra o Paraguai, em Belo Horizonte. Líder das Eliminatórias da América do Sul com 100% de aproveitamento, a equipe de Tite faz os ajustes para chegar da melhor maneira à Copa do Mundo, no Qatar, em novembro.
Questionado se Lodi voltará a fazer parte desses planos se completar sua imunização, Tite mostrou desconforto e preferiu não responder. Deu um jeito de chamar ao púlpito da entrevista coletiva Jorge Pagura, chefe médico da CBF, que foi além da logística e afirmou que há, sim, prioridade, aos vacinados.
“Existem dois tipos de condição. Primeiro, o interesse coletivo supera o individual em relação ao problema da vacinação. Esse é um problema técnico, um problema institucional, onde [sic] a CBF prioriza aqueles que têm a vacinação completa, conforme é o conselho científico do mundo todo”, disse Pagura.
“Segundo, a situação atual. O Equador não permite realmente a entrada de uma pessoa que não tenha o ciclo de vacinação completa. No país [Brasil], existe a portaria, por decisão do Supremo Tribunal Federal, que é muito clara. Estrangeiros têm que ter as duas vacinas ou não entram, e os brasileiros, também”, acrescentou.
“Se não tiverem as duas vacinas, vão ter que estar com teste negativo e cinco dias de quarentena. Desas forma, estaria prejudicado [o Renan Lodi, esportivamente], nessa situação”, afirmou Pagura, antes de resumir a questão: “Então, temos dois tipos de problema: um institucional e outro de ordem legal”.