A covid-19 calou figuras das mais variadas classes sociais, deixando vítimas de pessoas anônimas a personalidades políticas conhecidas, neste momento cumpre destacar a biografia de um conterrâneo que viveu o seu início de vida pública no movimento estudantil ganhando espaço considerável na política da capital, consolidando seu nome em meio a tradicionais famílias que durante anos comandou o Estado.
Advogado, empresário e político, Wilson Leite Braga nasceu no dia 18 de julho de 1931, em Conceição, município paraibano com cerca de 20 mil habitantes, situado no Vale do Piancó, distante a 482 quilômetros da capital, João Pessoa. Durante sua vida política exerceu cargos de governador, deputado federal, deputado estadual, prefeito e vereador de João Pessoa
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Nesta época o seu pai, Francisco de Oliveira Braga, já era uma liderança política em sua cidade natal, distante de Conceição e muito próximo de derrotar figuras políticas históricas, Wilson Braga surge na década de 1950 na casa do estudante, quando ainda jovem cursava Direito.
No ramo empresarial, Wilson Braga detinha o controle de emissoras de rádios no Estado, como a Rádio Sanhauá de João Pessoa, a Rádio Cidade FM de Piancó e a Rádio Educadora de Conceição. Filho do casal Francisco de Oliveira Braga e Francisca Leite Braga, seu pai, conhecido como “Seu Braga”, era comerciante, tabelião e político. Nasceu no Estado do Ceará e migrou para a Paraíba na década de 1920, passando a residir precisamente na cidade de Conceição, onde foi chefe político por muitos anos.
“Seu Braga” começou a vida como comerciante e posteriormente tabelião e, ao ingressar na política, exerceu o cargo de prefeito de Conceição por três mandatos. O primeiro deles na década de 1940, o segundo entre 1973 e 1977 e, por fim, o terceiro mandato, entre 1982 a 1988. Ainda foi candidato a deputado estadual em 1950, mas não conseguiu eleger-se.
A mãe de Wilson Braga, Francisca Leite, carinhosamente chamada de “Calula Leite”, era da tradicional família Leite, com forte tradição política no Vale do Piancó. Wilson Braga iniciou seus estudos em Conceição e, posteriormente, na cidade de Patos, no Colégio Diocesano. Depois foi para João Pessoa, onde passou a residir na Casa do Estudante, chegando a ser presidente daquela instituição responsável por acolher estudantes do interior do Estado.
Nos anos de 1950, presta vestibular para o Curso de Direito e forma-se bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Paraíba, atual UFPB. Nesse mesmo período, Wilson torna-se líder estudantil e representante da UNE, chegando a participar da inauguração da UFPB na companhia do então governador José Américo de Almeida.
Ocupou os cargos políticos mais importantes, chegando a ser governador da Paraíba, quando o Brasil se preparava para deixar o Regime Militar e iniciar pelo menos intelectualmente, o movimento diretas já!
Sempre foi considerado um político hábil, que passou por diversas agremiações políticas como: ARENA, PDS,PFL,PSDB, MDB, PDT dentre outras, formando o seu próprio grupo, que por sinal foi um dos grupos políticos mais poderosos da Paraíba.
Era casado com a ex-deputada Lúcia Braga (falecida no último dia 8 de maio de 2020), com quem tem teve três filhos, Marcelo (falecido), Patrícia (falecida) e Marianna. Wilson também explorou o viés social, facilitado pela sua esposa, que tinha uma grande habilidade em circular pelos bolsões de pobreza da capital, sendo mais tarde eleita primeira mulher deputada federal pela Paraíba.
Teve como irmãos a ex-deputada estadual e ex-prefeita de Conceição Vani Braga; o médico e ex-prefeito de Conceição Walter Leite Braga; e Nice Leite Braga Pegado, que é mãe do ex-prefeito Alexandre Braga.
Em uma época em que nem se imaginava falar o termo marketing político, ele já trazia jingles que ficava marcado na memória das pessoas e que só precisava ouvir uma única vez para memorizar, uma sonoridade que trazia a mensagem do que era o seu governo, uma contraposição e crítica ao seu antecessor, em tom esperançoso.
E assim dizia “Já brilha o sol do novo dia, toda terra festeja alegria, todo o povo num grande mutirão” em referência a um programa social “mutirão” de seu governo, que anos mais tarde serviria de modelo em outros estados, inclusive para o próprio governo federal na política habitacional.
Sua marca principal aconteceu no combate a um dos problemas mais antigos do nordeste, a construção de barragens, açudes, que democratizou o acesso a um direito tão fundamental, a água.
Pessoalmente sempre discordei de algumas posições políticas do seu grupo, isso é inerente ao processo democrático. O que é impossível é negar a sua contribuição histórica e o seu sucesso em sair da pequena cidade de Conceição e construir a sua própria história que se confunde com a história do próprio estado.