Ao menos três estados brasileiros – Rio de Janeiro, Ceará e São Paulo – têm relatos de testes positivos tanto para a Covid como para a influenza– o que tem sido chamado de “flurona”. Especialistas dizem que a tendência é aumentar a incidência da dupla infecção.
No último sábado (1º), o governo de Israel registrou, pela primeira vez, um caso dessa dupla infecção em uma mesma pessoa. A condição ficou conhecida como flurona, uma junção das palavras “flu”, que é gripe em inglês, com parte da palavra “coronavírus”.
Dois casos no RJ
No RJ, um adolescente de 16 anos testou positivo para as duas doenças. A família do jovem informa ter feito testes em dois laboratórios particulares diferentes.
O paciente começou a ter sintomas de gripe na semana passada. Os pais decidiram levá-lo a um laboratório particular, onde ele foi submetido a testes rápidos de Covid e Influenza – ambos os resultados foram positivos.
Desconfiados do resultado, os pais decidiram levar o adolescente a outro laboratório para um exame PCR. Mais uma vez, os resultados foram positivos.
“Ele é atleta e já está vacinado – tanto contra a Covid-19 quanto contra a gripe. Ele está bem, sem nenhum sintoma, mas pode acontecer. Por isso, cuidem-se porque os dois vírus podem existir no nosso organismo ao mesmo tempo”, recomendou a mãe do adolescente, Adriana Soutto Mayor.
Ainda de acordo com ela, apesar de não apresentar sintomas, o jovem vai cumprir todo o período de isolamento.
Segundo informações da TV Globo, um segundo caso foi confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio.
Três casos em Fortaleza
Três pacientes de Fortaleza, entre eles dois bebês de 1 ano, tiveram o diagnóstico das duas doenças simultâneas desde o aumento dos casos de síndromes gripais, em dezembro.
Segundo a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), as crianças estiveram internadas em unidades particulares, sem agravamento do quadro clínico e já receberam alta hospitalar. O terceiro paciente é um homem de 52 anos que não precisou de internação e cumpre isolamento.
São Paulo
Um dos relatos em São Paulo foi o da jornalista Giulia Fernandez, que recebeu a confirmação par Covid-19 e Influenza na mesma ocasião. Os testes foram feitos no dia 20 de dezembro em um hospital particular.
“Como meus sintomas começaram no mesmo dia e fiz teste no mesmo dia, e os dois deram positivo, o período de isolamento foi o mesmo, 10 dias. Mas foram dias muito complicados, quatro dias de cama que eu não conseguia levantar, e a partir disso fui melhorando aos pouquinhos”, contou.
Dupla infecção deve crescer, dizem especialistas
Para especialistas, a dupla infecção deve aumentar, já que os dois vírus estão circulando ao mesmo tempo e são altamente transmissíveis. Por isso, alertam, é preciso estar com a vacinação em dia.
“Além da pandemia de Covid, o Rio vive uma epidemia de Influenza. Por isso, os casos de coinfecção podem ocorrer. Aqueles que foram vacinados contra Covid e contra Influenza tendem a evoluir de uma forma muito boa. Entretanto, quem não se vacinou pode evoluir com mais gravidade”, disse Roberto Medronho, infectologia da UFRJ.
“Desde o início da pandemia, temos receio do surgimento de uma coinfecção – a mesma pessoa ter os vírus da gripe e da Covid. Nos últimos tempos, temos lidado com o vírus da gripe e com a variante ômicron, que é muito mais contagiosa, circulando em vários estados. Por isso, muito provavelmente a gente vai ver mais coinfecção, o que pode causar um quadro mais grave, uma vez que os dois vírus atingem o mesmo sistema no organismo do indivíduo”, explicou a pediatra e infectologista, Cristiane Meirelles.
Ela falou sobre a importância da testagem: “Por isso, é importantíssimo que as pessoas testem. O diagnóstico vai ser fundamental para que o médico oriente o tratamento adequado e também o tempo de isolamento”.
O que diz a Secretaria de Saúde do RJ
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que, até o momento, não há nenhum caso confirmado de dupla infecção.
Ainda de acordo com o órgão, em geral os casos são notificados pela doença mais grave – na situação específica, a Covid-19.
A secretaria informou, ainda, que não existem estudos para saber quais as consequências para os pacientes que tenham as duas infecções.