Esta semana, um vídeo de 13 segundos rodou o Brasil. As imagens mostram um homem cambaleando enquanto é arrastado pela moto de um policial militar, onde está algemado, em uma avenida da Zona Leste de São Paulo.
O jovem é Jhonny Italo da Silva, de 18 anos. Ele estava respondendo em liberdade a um processo por tráfico de drogas e foi pego transportando maconha após bater com sua moto. Agora, preso em um centro de detenção provisória, ele escreveu um bilhete para o Fantástico e falou sobre a cena.
“Me senti humilhado, tive medo de morrer. Cometi um erro, mas não merecia ser humilhado”, afirma.
A cena aconteceu à luz do dia. Enquanto está filmando, o autor do vídeo que viralizou ri da situação: “Filma aí! Algemou e está andando igual um escravo. Óia. Vai roubar mais agora?”
A equipe do Fantástico também conversou com uma irmã e o advogado de Jhonny. Ela admite que o irmão estava errado, mas lamenta a postura do PM e as palavras de quem gravou o vídeo.
“Não era certo o que ele estava fazendo, mas também não foi certo o que o policial fez com ele. Ali ele estava em um momento precisando de ajuda, e não de ser julgado”, afirma Larissa.
Domingo passado, o Fantástico mostrou uma denúncia da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo: segundo as investigações, PMs atiraram em um suspeito desarmado, em São José dos Campos. Muitos telespectadores pediram justiça, mas muito mais gente foi às redes zombar da execução.
A reação das pessoas quando veem cenas de violência policial, que costuma ir do deboche ao ódio contra as vítimas, preocupa especialistas.
“Uma imagem como aquela representa uma síntese de todos os problemas estruturais que o Brasil carrega e que foram repaginados no fim da escravidão. Eu estou falando de desigualdade econômica, do autoritarismo e do racismo. Tem algo muito errado na sociedade brasileira e nós precisamos começar a discutir com seriedade”, diz o advogado e doutor em filosofia Silvio Almeida.